Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/11/2007
Imagine tintas que aderem às superfícies mas que se soltam a um comando, ou sinais de trânsito que alteram sua reflectividade de acordo com alterações nas condições do tempo. Essas são duas aplicações possíveis de um novo material desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Bio-inspiração
Inspirados na forma como a planta carnívora Dionaea muscipula captura suas presas, os pesquisadores Alfred Crosby e Douglas Holmes desenvolveram um polímero com pequenos furos cobertos por lentes feitas com o mesmo material. Essas lentes podem ser controladas para ficarem na posição côncava ou convexa.
As folhas da Dionaea muscipula também funcionam dessa forma. Graças a uma combinação de geometria e materiais adequados, a planta passa repentinamente de côncava para convexa quando alguma coisa toca seus películos. A chave para que ela consiga capturar sua presa - assim como para que o novo polímero funcione - é a velocidade com que essa transição é feita.
Adesivos e tintas inteligentes
Na planta, as folhas se fecham em 100 milisegundos. Já o novo material polimérico artificial, agora criado pelos pesquisadores, consegue mudar de aberto para fechado em apenas 30 milisegundos. Ainda mais importante é o fato de que essa velocidade pode ser adaptada para transições mais rápidas ou mais lentas, de acordo com a necessidade do uso final.
Essa transição altera a superfície do novo material, transformando-a de uma série de saliências em uma série de depressões, uma estratégia que tem um enorme potencial para ser utilizado como revestimento que se solta sob demanda - adesivos inteligentes, dispositivos ópticos adaptáveis ou superfície com propriedades reflexivas ajustáveis.
"O design desse material poderá permitir a remoção de supercolas, papéis de parede e tintas sem a utilização de solventes tóxicos, o que poderá ser uma vantagem para o meio ambiente," disse Crosby.
Gatilhos para a transição
Até agora os pesquisadores já conseguiram demonstrar que seu novo material funciona utilizando pressão mecânica, ondulação e alterações químicas superficiais como gatilhos para a transição de uma posição para a outra.
"A utilização de materiais diferentes poderá levar a superfícies que façam a transição em resposta ao calor, à luz e à tensão elétrica, e a alteração de suas dimensões permitirá seu uso em eletrônica e em nanodispositivos," disse o pesquisador, salientando que não há fatores teóricos que impeçam que o material chegue até a nanoescala.