Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/10/2007
Embora pesquisadores do mundo todo tenham descoberto várias formas de fabricar tecidos e diversos outros materiais capazes de matar germes e bactérias, o primeiro teste de campo de uma série desses novos materiais mostrou que o mundo real pode ser bem mais complicado do que o ambiente controlado dos laboratórios.
Contaminantes simples como a poeira do ar, ou manchas causadas por derramamento de suco ou café, formam um revestimento sobre a superfície de nanopartículas responsáveis por matar os germes, anulando o efeito bactericida.
Tecidos anti-bacterianos
Os produtos que prometem matar germes já chegaram ao mercado - de esponjas a maçanetas de portas e botões de acionamento de equipamentos eletrônicos. Os tecidos anti-bacterianos estão em estágio adiantado de desenvolvimento, prometendo luvas e aventais mais higiênicos para uso por profissionais de saúde ou no dia-a-dia.
Os pesquisadores Michael Kelley e Olga Trofimova, de um dos laboratórios do Departamento de Energia dos Estados Unidos, resolveram avaliar esses tecidos, colocando amostras deles em carros de polícia, de bombeiros e em ambulâncias, durante um período de 70 dias.
A seguir os cientistas expuseram as amostras de tecidos anti-bactérias aos germes que eles conseguiam eliminar quando novas. O resultado foi que as bactérias não apenas sobreviveram, mas cresceram de 100 a 1.000 vezes mais do que nas amostras de tecido de referência, que não foram expostas ao ambiente.
Micróbios na sujeira
"Os micróbios crescem na poeira. E agora, como você tem toda essa poeira no tecido, ao invés de matar os micróbios, eles têm um doce lar e crescem bem nele," conclui Kelley.
O problema é mais sério se os tecidos sofrerem respingos de sucos, café ou molho de salada e até mesmo detergente. Os tecidos resistiram à lavação comum, mas junto com as manchas foi embora também definitivamente sua capacidade de matar os germes, fazendo-os voltar a ser tecidos comuns.
É claro que ninguém deixa suas roupas sem lavar por mais de dois meses, mas a máquina de lavar mostrou-se um problema ainda maior. Parece que os tecidos anti- bacterianos terão que voltar ao laboratório, ainda que a pesquisa não inviabilize sua utilização na forma de artigos descartáveis ou reutilizáveis por um determinado número de vezes.