Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/12/2006
Uma equipe de cientistas norte-americanos adaptou a tecnologia das impressoras jato de tinta para imprimir padrões e moldes com uma "bio-tinta".
Tinta biológica
Esses padrões foram então capazes de dirigir o processo de diferenciação das células-tronco de um camundongo em células de músculos e células de ossos. A técnica, que está agora na fase de testes pré-clínicos, poderá revolucionar a substituição de tecidos humanos, afetados por doenças degenerativas ou acidentes.
Esta é a primeira vez que cientistas conseguem dirigir a formação de múltiplos tipos de células no interior de um único recipiente a partir da mesma população de células tronco.
A "bioimpressora" consegue depositar e imobilizar fatores de crescimento em virtualmente qualquer padrão ou concentração, criando moldes sobre lâminas recobertas com matrizes extracelulares nativas, como a fibrina. Essas lâminas são então postas em pratos de cultura, recebendo uma cobertura de células-tronco. De acordo com o padrão, com a dose ou com o fator depositados pela bio-impressora, essas células-tronco podem seguir diversas rotas de diferenciação, criando células de vários tipos, como musculares ou ósseas, por exemplo.
"Até hoje, os pesquisadores estavam limitados a fazer com que as células-tronco se diferenciassem em diferentes tipos em ambientes de cultura separados. Não é dessa forma que o corpo funciona: o corpo é um vaso único no qual múltiplos tecidos são moldados e formados. A tecnologia de impressão a jato-de-tinta nos permitiu projetar precisamente múltiplos microambientes únicos fabricando bio- tintas que conseguem promover a diferenciação rumo a múltiplas linhagens simultaneamente," explica o professor Phil Campbell.
Imprimindo células-tronco
Para controlar como a bio-tinta é depositada e acompanhar o processo de diferenciação celular com precisão, os cientistas utilizaram um sistema de visão artificial, que dá um feedback em tempo real sobre como as tintas foram colocadas sobre o alvo com precisão de micrômetros.
O experimento que acaba de ser feito não explorou a bioimpressora até seus limites. A impressora tem uma precisão tal que permitirá que, em próximos experimentos, os cientistas cultivem múltiplos padrões de células-tronco em configurações complexas, seguindo padrões que permitam sua inserção em áreas específicas do corpo humano que estejam necessitando de tratamento.
Embora seja promissora para um sem-número de tratamentos, ainda não há previsão de quando a nova tecnologia venha a ser testada em pacientes humanos.