Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/07/2005
Cientistas ingleses e russos, coordenados pelo professor Andre Geim, da Universidade de Manchester descobriram uma nova classe revolucionária de novos materiais, utilizando uma técnica aparentemente simples: basta "fatiar" os materiais atuais.
Mas as fatias devem ser o mais finas possível: apenas um átomo de espessura.
O trabalho do professor Geim e de seus colegas vem na esteira de sua descoberta anterior, quando eles produziram uma folha unidimensional de carbono, chamada grafeno - veja Produzido tecido mais fino do mundo, com apenas um átomo de espessura.
Propriedades inéditas
Vários teóricos já haviam previsto a possibilidade da existência desses materiais ultra-finos, mas até hoje nenhum pesquisador havia sido capaz de produzi-los e testar as teorias.
Além de obviamente ultra-finos, os novos materiais apresentam propriedades que os cientistas nunca imaginaram ser possíveis: eles podem ser ultra-fortes, altamente isolantes ou altamente condutores. E são transparentes.
"Esta descoberta abre possibilidades praticamente infinitas para aplicações nas quais as pessoas nem sequer imaginam. Esses materiais são leves, fortes e flexíveis, e há uma grande quantidade deles. Isto não se refere apenas a quinquilharias eletrônicas. Tal como os polímeros mudaram para sempre nosso modo de vida, materiais de um átomo de espessura poderão ser usados em uma infinidade de aplicações do dia-a-dia, de roupas a computadores."
Clivagem micromecânica
Os novos materiais foram criados extraindo-se planos atômicos individuais de cristais convencionais, por meio de uma técnica chamada "clivagem micromecânica". Dependendo do cristal original, suas fatias de um átomo de espessura podem ser metais, semicondutores, isolantes, magnéticos etc.
E os pesquisadores também mostraram que sua fabricação é bastante simples: eles podem ser extraídos em condições ambientais, mantendo-se estáveis e exibindo excelente qualidade cristalina, que é justamente o que lhes dá suas características inusitadas.
O Dr. Kostya Novoselov, outro membro da equipe, acrescenta: "Provavelmente o mais importante de nossa descoberta é que ela não é limitada a um ou dois novos materiais. É uma classe inteira de novos materiais, milhares deles. E eles têm uma variedade de propriedades, permitindo que se escolha o material mais apropriado para uma aplicação particular."
"Embora algumas dessas aplicações estejam provavelmente a décadas de distância, eu ainda espero ver transistores ultra-rápidos, equipamentos micromecânicos e nanossensores baseados na descoberta dos cristais de um átomo de espessura já nos próximos anos," prevê ele.
A pesquisa foi publicada no último exemplar do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, com o título "Two Dimensional Atomic Crystals".