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Materiais Avançados

Material inorgânico funciona como sangue artificial

Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/04/2004


Claes Lundgren, médico da Universidade de Buffalo (Estados Unidos), apresenta uma minúscula garrafinha contendo cinco mililitros de uma solução leitosa. Ele explica: "Esses cinco mililitros poderão salvar a vida de uma criança pesando de 10 a 15 quilos que tenha perdido metade de seu sangue."

A substância, uma espécie de sangue artificial, poderá acabar com o interminável problema da falta de doadores compatíveis ou mesmo a absoluta falta de sangue nos bancos de sangue. A pesquisa é tão promissora que o National Institutes of Health acaba de aprovar um fundo de US$1,5 milhão para que a equipe do Dr. Lundgren possa verificar a viabilidade concreta de utilização do novo material.

O novo sangue artificial é uma substância inorgânica, mais especificamente um dodecafluorpentano, ou DDFPe, um composto à base de fluorcarbono utilizado originalmente como elemento de contraste em exames de ultrasom.

Lundgren vai prosseguir o trabalho dos Drs. Hugh Van Liew, Mark Burkard e Ingvald Tyssebotn, que fizeram as primeiras pesquisas e conseguiram transformar o DDFPe em um transportador de oxigênio.

A chave para a capacidade da nova substância em agir na prevenção de choques hemorrágicos está em gotículas invisíveis a olho nu. Quando aquecidas à temperatura do corpo humano, essas gotículas se expandem em microbolhas, ainda pequenas o suficiente para passar através dos vasos capilares. A forte afinidade dessas microbolhas com o oxigênio faz com que elas possam cumprir o papel do sangue, captando o oxigênio nos pulmões do paciente e levando-o até os tecidos.

Praticamente todos os substitutos do sangue atualmente em desenvolvimento baseiam-se na hemoglobina, uma molécula de ferro que transporta oxigênio. Mas produtos à base de hemoglobina, além de caros, podem causar hipertensão. Outra grande vantagem do novo sangue artificial é que ele não é, na verdade, sangue humano, o que poderá resolver problemas em pacientes de algumas religiões que não aceitam a transfusão de sangue.

Os cientistas afirmam que sua pesquisa terá êxito caso eles consigam que o novo sangue artificial possa evitar o colapso do sistema circulatório por até quatro horas após o início da hemorragia, tempo suficiente para que os médicos façam todas as intervenções necessárias à recuperação do paciente.

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