Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/01/2004
O Laboratório de Materiais da Universidade Federal de Santa Catarina está aplicando a tecnologia de plasma de forma pioneira no mundo: professores e pós-graduandos desenvolveram um equipamento capaz de extrair ligantes de materiais injetados de forma mais rápida e menos poluente do que a utilizada atualmente.
Os ligantes são substâncias utilizadas para dar forma às peças, mas que devem ser removidos antes do processo de consolidação, que ocorre em temperaturas de 110 a 1300º C. "Substâncias como ceras e parafinas são usadas com a finalidade de moldar a peça. Elas deixam o material com um volume muito maior, que só será diminuído após a extração seguida do processamento em alta temperatura", explica o professor e coordenador do LabMat, Aloísio Nelmo Klein.
A tecnologia utilizada pela indústria atualmente é a extração térmica. As peças são levadas a um forno e os ligantes são degradados. Esse processo é poluente e lento, além de implicar em um grande custo. O reator de plasma do LabMat é inovador pois, diferente de outros métodos, não produz resíduos sólidos e líquidos. O processo ocorre a partir da colisão de elétrons com alta energia cinética nos polímeros que formam o ligante. A partir daí, ceras, parafinas e outros ligantes orgânicos são transformados em moléculas gasosas, fazendo com que peças de relógio, braquetes de aparelho e reguladores de posição de assento de automóvel, por exemplo, cheguem a sua forma final.
De acordo com Klein, as vantagens do reator de plasma são inúmeras, entre elas, a redução de tempo no processo. Em fornos comuns, os ligantes demoram cerca de 48 horas para serem eliminados. Além disso, ocorre uma concentração de resíduos inoportuna para os fabricantes das peças. "Reduzimos o tempo 3 a 4 vezes. A estimativa de redução de custo gira em torno de 15% a 22%", explica. "A pesquisa pode tornar a indústria brasileira muito mais competitiva, inclusive no exterior", ressalta o professor Joel Muzart.