Marcos de Oliveira - Agência FAPESP - 05/01/2006
Dores nas mãos, nos braços e até no pescoço, provocadas pelos movimentos repetitivos e intensos no uso do computador, levaram o médico Luiz Cesar Peres a projetar um novo tipo de mouse para diminuir os impactos físicos relacionados ao modelo convencional desse pequeno aparelho.
A forma de manipular o novo mouse desenvolvido e patenteado por ele é semelhante à usada na escrita, como uma caneta ou um lápis, proporcionando menor esforço físico e mais conforto. Os primeiros experimentos com os protótipos, feitos pelo próprio médico, mostraram efeitos bem menos nocivos para articulações, tendões e músculos.
Peres é professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), responsável pela disciplina de Patologia Pediátrica, e adquiriu as dores durante o desenvolvimento de sua tese de livre-docência e na formação de um banco de dados sobre autópsias pediátricas, num período de dois anos, entre 1998 e 2000.
"Durante o trabalho comecei a ter fortes dores na mão e no punho e resolvi fazer modificações no mouse convencional", conta Peres. A primeira tentativa foi grudar um tubo de cola em bastão em cima do aparelho de modo que a mão ficasse numa posição de alavanca, mais reta e sem se movimentar muito.
"A intenção foi evitar, principalmente, que a mão ficasse dobrada para trás, com os músculos e tendões contraídos, diminuindo a fadiga e as torções musculares. Percebi que o bastão de cola no mouse melhorava a dor e não causava o posicionamento forçado da mão."
Mas mouses com bastões de cola grudados em cima não são nada práticos. A partir dessa premissa, e da vontade de fazer essa idéia evoluir, Peres imaginou um mouse ergonômico que pudesse ajudar os milhões de pessoas que sofrem do mesmo mal, chamado de Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort) ou Lesão por Esforço Repetitivo (LER), uma das principais causas de afastamento do trabalho em todo o mundo.