Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/09/2003
Apesar de todos os argumentos de venda de grandes fabricantes de hardware, a Internet é a prova mais contundente de que é possível construir-se sistemas de altíssima disponibilidade a partir de componentes, no caso computadores, roteadores e equipamentos de rede e comunicação em geral, catalogados como inseguros ou, pelo menos, não adequados a missões críticas.
A chave para esse sucesso é a construção de grandes conjuntos de componentes simples pelos quais se possa distribuir as funções a serem desempenhadas, de tal forma que a falha de um ou mais deles não destrua a funcionalidade do todo.
Esse é o conceito de um novo sistema de armazenamento de dados sendo lançado pela IBM. Chamado de CIB ("Collective Intelligent Bricks"), algo como "Tijolos Inteligentes", o sistema consiste em uma rede tridimensional (o "Cubo") de unidades independentes de armazenamento. Cada tijolo ou bloco desse Cubo possui 12 discos rígidos capazes de armazenar 80 Gigabytes de dados, um processador e um circuito capaz de enviar dados para os outros tijolos.
A grande novidade vem justamente da forma como esses blocos se comunicam, o que se dá graças a esse "circuito capaz de enviar dados". Ao invés das placas de rede padrão, cada tijolo contém 16 contatos metálicos. Esses contatos se casam com os contatos dos blocos vizinhos, formando pequenos capacitores. Um sinal elétrico gerado em um lado do bloco induz um sinal similar no outro lado, fazendo com que os cubos conversem uns com os outros sem a necessidade de cabos. A velocidade de comunicação alcança nada menos do que 10 Gigabytes, mais do que as conexões de fibra ótica.
Essa conexão, além da imensa largura de banda, conecta todos os blocos formando uma rede tridimensional, tornando a localização real de um dado determinado dentro do Cubo totalmente irrelevante. Isto permite ao software que gerencia o Cubo procurar e replicar os dados entre tijolos independentes. Desta forma, o sistema garante alto desempenho e proteção contra perda de dados, uma vez que subconjuntos de dados podem ser recuperados paralelamente.
Uma das principais vantagens do Cubo é a quase eliminação da mão-de-obra para gerenciamento e manutenção. Se um bloco falha, ele pode ser deixado no lugar que o próprio programa encarrega-se de reconstruir os dados em outro local. Um operador humano praticamente só será necessário para adicionar mais tijolos ao Cubo. Segundo a IBM, um único operador seria capaz de administrar até um petabyte de dados, mais de 100 vezes o que é possível hoje.