Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/07/2003
A padronização de alguns poucos protocolos de troca de dados, como o TCP e o IP, permitiu o surgimento da Internet. Apesar disso, a rede mundial de computadores está muito longe de ser algo centralizado ou centralmente coordenado. A descentralização é sua marca maior e foi esta liberdade que permitiu que ela atingisse o nível de disseminação que possui hoje.
Mas essa descentralização pode se tornar um problema quando alguns cientistas se juntam para desenvolver novos procedimentos, protocolos ou serviços, que poderão um dia chegar a todos os usuários. Ao contrário de um laboratório tradicional, onde tudo é rigorosamente controlado, de forma a se testar os resultados de um experimento com absoluta confiabilidade, a Internet é a própria essência da diversidade. Mas os cientistas já resolveram esse problema ao criar o Projeto PlanetLab, um laboratório da Internet.
O objetivo do PlanetLab não é modesto: os cientistas esperam que ele permita o lançamento de uma nova era de inovações na Internet. O laboratório da Internet, uma rede aberta e escalável, permitirá aos cientistas desenvolverem novos serviços para a Internet que poderão operar simultaneamente em múltiplos computadores ao redor do mundo, e não mais, como hoje, providos por um único servidor ou "web site". Um sistema assim poderá resultar em downloads muito mais rápidos do que aqueles nos quais o arquivo sai de um único site, e em sistemas de armazenamento de dados mais seguros, uma vez que o conteúdo estará disseminado em múltiplas localidades.
O PlanetLab funciona como um "revestimento", uma camada externa, apoiada sobre a Internet atual, mais ou menos da mesma forma como a Internet hoje funciona sobre o sistema de telefonia que já existia antes do seu surgimento.
O esforço congrega 60 Universidades e algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo. Entre os cientistas à frente do PlanetLab estão David Culler, do laboratório de pesquisas da Intel, Thomas Anderson, da Universidade de Washington (Estados Unidos) e Larry Peterson, da Universidade Princeton (Estados Unidos).
O suporte da Intel garantiu fundos para que o projeto atingisse 160 computadores localizados em 65 locais diferentes ao redor do mundo. Agora, o objetivo é abrir o PlanetLab para mais instituições e chegar a 1.000 computadores.
Até agora, cerca de 70 projetos de cientistas de diversas Universidades já estão utilizando a estrutura do PlanetLab para experiências envolvendo armazenamento distribuído de dados, mapeamento de redes, sistemas ponto-a-ponto, tabelas de dispersão distribuídas e processamento distribuído de consultas.
Um desses projetos é o OceanStore, liderado pelo pesquisador John Kubiatowicz. Através da dispersão do armazenamento de dados em um grande número de servidores, o OceanStore criará uma redundância que irá proteger a informação de faltas regionais de energia ou de ataques de "crackers" que indisponibilizem parcelas da rede.