Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/04/2003
O Brasil é o sétimo mercado de software no mundo, com vendas de US$ 7,7 bilhões em 2001, rivalizando com a Índia e a China, com respectivamente US$ 7,9 e US$ 8,2 bilhões. Entre 1991 e 2001, a participação do segmento no PIB triplicou, alcançando 0,71%. Além disso, a oferta de soluções é versátil, com empresas de software atuantes em vários setores.
Esses são resultados de uma pesquisa conduzida pelo MIT (Massachusets Institute of Technology - Estados Unidos), um dos institutos de tecnologia de maior renome em todo mundo. Segundo o estudo, os produtos gerados no Brasil, nesse setor, são sofisticados e equiparáveis, em volume, ao mercado chinês e indiano.
A pesquisa "Slicing the Knowledge-Based Economy (KBE) in India, China and Brasil: a Tale of Three Software Industries" (Desvendando a Economia do Conhecimento na Índia, China e Brasil: uma visão de três indústrias de software) é um projeto do MIT, iniciado em 2001, que tem como objetivo comparar as trajetórias e os desafios da indústria de software nesses três países. O primeiro mercado analisado foi a Índia.
A etapa brasileira ficou sob responsabilidade da Softex (Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), uma organização da sociedade civil de interesse público, com missão de promover a competitividade da indústria do software, da Internet e do comércio eletrônico no Brasil e também a qualificação de recursos humanos para o segmento.
No período de maio a outubro de 2002, o estudo avaliou 57 empresas selecionadas dentre as mais competitivas do País - amostra que correspondia a 21,4% da comercialização nacional do software em 2001 -, procurando caracterizá-las para posterior comparação com o mercado da China e Índia.
A criatividade dos profissionais, a capacidade inovadora das empresas, bem como sua flexibilidade, sem falar na sofisticação de alguns de seus nichos consumidores e na agressiva presença no mercado de produtos, em particular quando comparado com a China e a Índia, são os diferenciais brasileiros no mercado mundial de software.
O estudo alerta, contudo, que a maioria das empresas desenvolvedoras tem seu modelo de negócios baseado em produtos, mas são os serviços que asseguram a maior fatia da comercialização. Outro ponto levantado pela pesquisa brasileira é que a tecnologia adotada pelas casas de software, de modo geral, é produzida internamente, havendo pouco aproveitamento de tecnologia originária de universidades.
Na visão da pesquisa, o Brasil conta com algumas áreas bastante competitivas para alcançar o mercado externo. Entre elas, destacam-se as soluções voltadas para os setores financeiro e governamental e e-business. Horizontalmente, têm expressão os sistemas brasileiros de gestão empresarial (ERP) para pequenas e médias empresas e as fábricas de software.
A participação do mercado de software no contexto nacional da Tecnologia de Informação vem crescendo a uma taxa maior do que a da Índia (24%, em 1999) e da China (12% em 2001). A indústria de TI no Brasil é quase metade da chinesa (US$ 18 bilhões versus US$ 30 bilhões) e se aproxima mais da indiana, com US$ 12,9 bilhões, valores do ano de 2001. Contudo, as exportações da Índia (US$ 4 bilhões, em 2000) são superiores às do Brasil (US$ 100 milhões) e às da China (US$ 400 milhões), segundo a pesquisa do MIT.
O panorama geral da pesquisa no mercado nacional de software mostra que existe mais um conjunto de realidades do que propriamente uma identidade no setor, caracterizada por uma forte demanda local em detrimento à exportação. Essa fragmentação aliada à ausência de financiamento e de uma estratégia industrial, mais a falta de uma imagem do software brasileiro, são entraves para exportação do produto nacional. Além disso, é limitada a experiência das empresas no mercado aberto, que se iniciou em 1990, dez anos após a Índia, para citar um exemplo.
No padrão de competição de serviços relacionados ao software, as empresas nacionais não possuem o desnível salarial equivalente ao da Índia para competir no segmento de baixo valor agregado. Em um patamar de serviços mais elevado, a pequena dimensão das empresas e a insuficiente capacitação de processo dificultam o estabelecimento de relações com potenciais clientes internacionais.