Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/11/2002
Os Laboratórios Bell, pertencentes à empresa Lucent Technologies, anunciaram a criação de dois chips para dispositivos móveis que implementam sua tecnologia MIMO ("multiple input/multiple output") de redes sem fio. A nova tecnologia foi batizada de BLAST ("Bell Labs Layered Space-Time"). Os novos chips, que atendem aos padrões da indústria em dimensões e consumo de energia, demonstram que a tecnologia BLAST pode ser utilizada em dispositivos portáteis de maneira comercialmente viável. Nos testes iniciais em laboratório, os chips receberam dados em uma rede móvel de terceira geração a 19,2 Megabits por segundo. Para comparação, as redes 3G mais rápidas atualmente oferecem uma taxa de transferência máxima de 2,5 Megabits.
A tecnologia utiliza múltiplas antenas no terminal e na estação-base para enviar e receber os sinais em ultra-velocidade. Quando utilizado tanto nos equipamentos da estação-base quanto nos dispositivos móveis, os chips permitem conexões de dados em altíssima velocidade entre notebooks e PDAs. Isto irá permitir que os operadores de redes móveis ofereçam serviços de melhor qualidade e maior velocidade, ampliando sua base de assinantes em um volume impossível de se conseguir com as atuais tecnologias 3G. Como resultado, estes operadores terão o valor de seus investimentos atuais aumentados dramaticamente.
Vários pesquisadores ao redor do mundo estão tentando fabricar chips com a tecnologia MIMO. "Nós acreditamos que os nossos são os primeiros chips no mundo que podem ser utilizados em equipamentos de mão com quatro antenas e, portanto, o primeiro capaz de atingir tais velocidades de transmissão. Nós não somente provamos a viabilidade comercial do BLAST, mas nós também verificamos na prática os dados de desempenho previsto pelos nossos pesquisadores quando eles teorizaram que poderia ser possível explorar a interferência para atingir comunicações mais rápidas e mais eficientes." disse Ran Yan, líder dos pesquisadores que construíram os novos chips.
Os chips produzidos são tão pequenos e consomem tão pouca energia que poderiam ser imediatamente incorporados em equipamentos de mão e notebooks com impacto mínimo sobre a durabilidade da bateria. Os pesquisadores consideram isto essencial para atingir o objetivo de fornecer às operadoras de redes sem fio uma forma de upgrade de seus equipamentos que aumente o valor de seus investimentos. A Lucent planeja agora licenciar o projeto dos chips para outros fabricantes.
A tecnologia BLAST explora uma possibilidade teórica que era considerada impossível por muitos pesquisadores. Na maioria dos ambientes de redes sem fio, os sinais de rádio não viajam diretamente do transmissor para o receptor, sendo aleatoriamente dispersados no trânsito antes de alcançar o receptor. A visão preponderante era que, para se alcançar uma boa recepção, cada um desses sinais deveria ocupar uma freqüência separada, da mesma forma que as estações de rádio e de TV dentro de uma mesma área geográfica utilizam freqüências diferentes. De outra forma, a interferência entre as estações seria grande demais para se conseguir comunicações de boa qualidade.
Mas os inventores de tecnologia BLAST teorizaram, e agora provaram, que é possível ter várias transmissões ocupando a mesma banda de freqüência. Adicionalmente, eles perceberam que é possível utilizar o espalhamento dos sinais para melhorar, e não para piorar, a precisão dos sinais transmitidos, tratando os sinais derivados como sub-canais, paralelos e separados.
A tecnologia BLAST divide um canal de dados de um usuário em múltiplos sub-canais e usa um conjunto de antenas transmissoras para enviar os sub-canais simultaneamente, em paralelo. Todos os sub-canais são transmitidos na mesma banda de freqüência, de forma que o espectro é utilizado de forma muito eficiente. No receptor, um conjunto de antenas é utilizado para receber os múltiplos sub-canais. Utilizando a técnica de múltiplas antenas, a taxa de transmissão é incrementada, grosso modo, na proporção do número de antenas utilizadas para transmitir o sinal.