Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/09/2007
Fabricar e armazenar antimatéria
Estudar a antimatéria é o sonho da maioria dos físicos. Apenas um estudo suficientemente detalhado poderia finalmente apresentar uma comprovação acima de qualquer suspeita de que a antimatéria é realmente o oposto exato da matéria observada pelos nossos sentidos.
Mas há um problema sério para se resolver antes que essas pesquisas sejam possíveis: é muito difícil "fabricar" antimatéria e mais difícil ainda armazená-la. Assim que a antimatéria entra em contato com a matéria normal ao seu redor as duas se aniquilam em um trilionésimo de segundo.
Até hoje a antimatéria tem sido isolada e manipulada apenas indiretamente. Para isso, os cientistas utilizam gigantescos e caríssimos aparatos eletromagnéticos, capazes de criar campos magnéticos fortes o suficiente para manter a antimatéria isolada de qualquer traço de matéria.
Aprisionando antimatéria com radiofrequência
Agora, o cientista japonês Masaki Hori está adotando um enfoque diferente: ele está tentando utilizar ondas de rádio, ou radiofrequência, no lugar das ondas magnéticas. "A vantagem é que a geringonça pode ser muito compacta, talvez do tamanho de uma cesta de lixo de escritório," diz Hori.
Ele já resolveu o problema da fabricação da antimatéria, construindo um tipo especial de átomo que é meio matéria e meio antimatéria, chamado hélio antiprotônico. Anti-prótons são o oposto exato dos prótons, que ficam no interior do núcleo de todos os átomos. Ao invés de uma carga positiva, como nos átomos de matéria normal, os anti-prótons têm carga negativa.
Uso prático da antimatéria
A antimatéria não tem apenas um interesse teórico ou acadêmico. Ela já é utilizada na prática nos equipamentos de tomografia de pósitrons, os chamados PET ("Positron Emission Tomography"). Pósitrons são partículas de antimatéria opostas aos elétrons, possuindo uma carga positiva, ao invés de negativa.
Na tomografia PET, os pacientes recebem a injeção de um contraste contendo um isótopo radioativo que decai emitindo pósitrons. Quando eles entram em contato com os elétrons, aniquilando-se mutuamente, o equipamento capta justamente o pulso de luz produzido nessa destruição.
Só na Terra
A proposta do professor Hori é tão interessante que ele foi agraciado pela Fundação de Ciências Europeia não apenas com um convite para construir seu equipamento, mas também com todo o financiamento necessário para isso. Por enquanto o equipamento ainda é enorme, mas o pesquisador afirma que o potencial para sua miniaturização também é muito grande.
Segundo o pesquisador, o futuro da antimatéria é extremamente promissor, com uma infinidade de aplicações práticas possíveis. Mas ele duvida de que, entre essas aplicações, se encontre algo como o combustível para abastecer naves espaciais capazes de cruzar a galáxia em períodos de tempo na escala humana.