Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/02/2007
Quando queremos enxergar alguma coisa que está muito longe, nós cerramos ligeiramente os olhos. O movimento de nossos cílios e de nossa pálpebra bloqueia uma parte da luz dos objetos que estão mais próximos, permitindo que nossos olhos captem melhor a luz referente àquele objeto distante.
Os engenheiros da NASA estão aproveitando esse mesmo princípio para construírem a próxima geração de telescópios espaciais. No início da próxima década, o telescópio espacial James Webb deverá substituir o Hubble, que vem revolucionando a astronomia desde que foi lançado, em 1990. Para isso, o Webb deverá incorporar todos os maiores avanços da tecnologia desses últimos 20 anos.
Microobturadores
Um desses avanços, que acaba de ser aprovado pela NASA, é uma tecnologia MEMS ("MicroElectroMechanical Systems") chamada de microobturadores. Os MEMS são dispositivos microscópicos dotados de partes móveis, construídos com a mesma tecnologia com que são fabricados os chips de computador.
Os microobturadores funcionam como minúsculas persianas, que se abrem e fecham para impedir a passagem da luz de galáxias muito próximas. Com isto, o telescópio espacial Webb será capaz de capturar imagens de galáxias muito mais distantes, que apresentam uma luz fraca demais para ser captada pelo Hubble.
Cada microobturador mede 100 por 200 micrômetros (milésimos de milímetro). Nada menos do que 62.000 deles são montados na forma de uma estrutura que ficará na frente dos sensores do telescópio. O telescópio conterá quatro dessas estruturas.
Observando galáxias
Além de permitir a melhor focalização das galáxias distantes, os microobturadores permitirão que o telescópio Webb observe até centenas de galáxias ao mesmo tempo, todas com o foco devidamente ajustado para resolução máxima.
A nova tecnologia será agora incorporada a uma das câmeras do Webb, chamada "Near Infrared Spectrograph," e que está sendo construída pela Agência Espacial Européia. Essa câmera irá decompor a luz das galáxias muito distantes em um verdadeiro arco-íris de diferentes cores, permitindo que os cientistas saibam o tipo de estrelas e de gases que formam essas galáxias, além de medir a que distância se encontram, suas trajetórias e velocidade de deslocamento.