Agência FAPESP - 01/03/2006
Apesar da distância - 47 milhões de quilômetros - o teste foi um sucesso. Engenheiros da Agência Espacial Européia (ESA) ativaram remotamente o sistema de propulsão de uma espaçonave a mais de 47 milhões de quilômetros. Trata-se da Venus Express, lançada em 9 de novembro em missão rumo ao vizinho da Terra.
O sistema de propulsão do motor principal é fundamental para a missão. Sem ele, a espaçonave não será capaz de frear quando estiver chegando a Vênus. E, sem diminuir sua velocidade, não conseguirá ser capturada pela órbita do planeta.
No teste, o motor foi acionado por apenas três segundos, tempo suficiente para que a nave diminuísse de velocidade cerca de 10,8 quilômetros por hora. Devido à grande distância, os responsáveis pela missão só souberam que havia dado tudo certo uma hora depois, que foi o tempo gasto pelos sinais de rádio chegarem até a antena da ESA instalada em Nova Norcia, na Austrália.
A Venus Express respondeu corretamente ao empuxo provocado pela queima de combustível, ajustando sua posição em relação ao destino e direcionando sua antena de transmissão para a Terra. Os dados enviados serão analisados pela equipe da missão, que verificará em detalhes o comportamento do sistema de propulsão.
O próximo grande momento na missão européia será a manobra de inserção na órbita venusiana, no dia 11 de abril. Para isso, será preciso fazer o sistema de propulsão funcionar por cerca de 50 minutos, na direção oposta à do deslocamento da nave. Essa freada permitirá que ela supere a atração gravitacional exercida pelo Sol e por Vênus e consiga entrar em órbita do planeta.
Russos e norte-americanos enviaram diversas missões ao planeta, mas nenhuma recentemente. A missão européia quer suprir a lacuna e tentar responder a algumas das muitas dúvidas sobre o vizinho terrestre. A principal é sobre as características e o funcionamento da atmosfera venusiana.
Vênus é o planeta mais próximo da Terra, em média duas vezes mais perto do que Marte. Nomeado após a deusa do amor para os romanos, o planeta tem quase o mesmo tamanho e massa da Terra, a ponto de muitos chamarem os planetas de gêmeos. Mas a evolução dos dois foi muito diferente. A superfície venusiana, com temperaturas acima de 400ºC, não permite a sobrevivência das formas de vida encontradas por aqui.