Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/02/2006
Logística e cadeia de suprimentos ("supply chain") são termos bem conhecidos dos profissionais que lidam com a distribuição de mercadorias, tanto no atacado quanto no varejo. São temas do dia-a-dia de indústrias e distribuidores e, aparentemente, nada têm a ver com a exploração espacial.
Mas a NASA não pensa bem assim. Ela acaba de reunir pesquisadores de universidades e empresas privadas em torno do projeto "Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Interplanetária e Arquiteturas de Logística". A idéia é construir as bases para o fornecimento de bens e equipamentos em uma exploração espacial em escala interplanetária.
Uma cadeia de distribuição interplanetária inclui a transferência de bens, serviços e informações associadas, a partir dos fornecedores em solo terrestre, para os pontos de lançamento, a integração de cargas nos veículos espaciais de transporte, a colocação em órbita dessas cargas, sua tranferência entre as estações de órbita baixa e a Lua e Marte e, finalmente, a logística desses bens e equipamentos no local de destino.
"Ao contrário da missão Apollo, a exploração futura terá que estar calcada em uma complexa rede de fornecimento no solo e no espaço. O objetivo primário desse projeto é desenvolver uma visão compreensiva da cadeira de suprimentos e ferramentas de planejamento para a logística espacial," explica, David Simchi-Levi, um dos participantes do projeto.
Conceitualmente, a rede de distribuição espacial é muito similar à utilizada pelas grandes empresas aqui na Terra, mas com uma diferença significativa: o movimento entre os nós, no espaço, cria dependências de tempo e energia na rede como um todo, o que não existe na Terra. Este é tanto um desafio prático quanto uma oportunidade de pesquisa acadêmica.
Na fase inicial, os pesquisadores tentarão identificar analogias entre a cadeia de distribuição terrestre e a espacial, estudando casos concretos de fornecimento de bens de alto valor agregado e pequeno volume, operações de longa duração e fornecimento de bens para operações em locais remotos.
A próxima fase irá cobrir a análise da logística espacial propriamente dita, com a construção de um modelo de rede de distribuição terrestre-espacial integrada, onde os nós serão Terra-Lua-Marte-Órbitas e prováveis pontos de aterrissagem-exploração.
A terceira fase irá explorar a modelagem de oferta e demanda, agregando-se o elemento incerteza. Serão quantificadas as principais incertezas na oferta e demanda, incluindo variações na demanda, mix das cargas, custos de transporte e interrupções não planejadas na oferta, além de questões de armazenamento, como degradação, obsolescência e aquecimento de gases criogênicos ao longo do tempo. Estes dados serão utilizados para abastecer o modelo de rede de abastecimento, objetivando a simulação de diferentes cenários de logística, iniciando com o desenvolvimento do Veículo de Exploração da Tripulação (CEV) e testes de vôo em 2008.
A fase final irá alavancar os modelos anteriores e combiná-los com modelos existentes de logística espacial para desenvolver uma arquitetura de cadeia de distribuição espacial e os estudos de comércio correspondentes.