Agência FAPESP - 06/02/2006
Ele ainda não conta com um nome oficial, mas tem gerado muita polêmica. Chamado provisoriamente de 2003 UB313 - até que a União Astronômica Universal decida como será nomeado - o objeto descoberto no ano passado dividiu os cientistas.
Há duas correntes. A primeira considera o corpo celeste um planeta, que seria o décimo do Sistema Solar e obrigaria a mudar os livros de ciência que, há sete décadas, desde a descoberta de Plutão, fechou o número em nove. A segunda corrente prefere considerar o 2003 UB313 um objeto transnetuniano, assim como diversos outros que orbitam o Sol a uma distância maior do que Netuno.
A polêmica deve aumentar agora. O motivo é que um grupo do Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha, conseguiu determinar o tamanho do 2003 UB313. Ele tem cerca de 3 mil quilômetros de diâmetro, ou 700 quilômetros a mais do que Plutão.
Com a medição, aumentam as chances de o 2003 UB313 ser considerado um planeta. Mas, se isso não ocorrer, Plutão, por ser menor, pode perder essa classificação e virar um mero planetóide - ele não apenas é o menor dos planetas do Sistema Solar como é superado até mesmo por sete luas: Ganimede, Titã, Calisto, Io, Europa, Tritão e a própria Lua terrestre.
Uma coisa é certa, o 2003 UB313 é o maior objeto encontrado no Sistema Solar desde 1846, quando Netuno foi descoberto pelo francês Urbain Le Verrier, o alemão Johann Galle e o inglês John Couch Adams.
O "décimo planeta" é um dos milhares de objetos localizados no Cinturão de Kuiper, que se estende além de Netuno, na faixa entre 30 ua e 50 ua (unidade astronômica, cada uma correspondendo a quase 150 milhões de quilômetros).
Foi descoberto pelos norte-americanos Michael Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz em 5 de janeiro e anunciado em 29 de julho de 2005, a partir de imagens feitas em 21 de outubro de 2003. O objeto está em uma órbita alongada que o leva a uma distância até 97 vezes maior do que a da Terra ao Sol. A enorme distância faz com que sua órbita tenha o dobro da de Plutão.
Os pesquisadores alemães conseguiram dimensionar o possível planeta a partir da sua refletividade, calculada pela combinação de observações ópticas com a medida da quantidade de calor irradiada.
"Uma vez que o 2003 UB313 é definitivamente maior do que Plutão, fica cada vez mais difícil justificar por que chamamos Plutão de planeta, já que o outro não tem esse status", disse Frank Bertoldi, um dos astrofísicos do Max Planck responsáveis pela medição, em comunicado do instituto.