Agência FAPESP - 14/04/2005
Explosões no espaço podem ter iniciado a extinção da vida na Terra. A hipótese foi lançada por um estudo que acaba de ser divulgado, feito por cientistas da Nasa, a agência espacial norte-americana, e da Universidade do Kansas.
De acordo com os pesquisadores, a destruição em massa ocorrida há cerca de 450 milhões de anos pode ter sido disparada pela gigantesca quantidade de raios gama emitida pela explosão de uma estrela. O fenômeno é a mais poderosa explosão conhecida.
A base da teoria é suportada por uma abordagem conhecida como modelagem atmosférica, por meio da qual foi calculado que a radiação gama da explosão estelar, que teria atingido a Terra por dez segundos, seria suficiente para acabar com metade da camada de ozônio do planeta. Os dados utilizados na análise foram obtidos a partir do observatório espacial Swift, lançado em novembro de 2004 para auxiliar no estudo de emissões de raios gama.
Como, de acordo com o estudo, a recuperação da proteção levaria cerca de cinco anos, os raios ultravioleta emitidos pelo Sol teriam sido responsáveis pela destruição da maior parte da vida existente na Terra - basicamente plantas - e próxima à superfície de oceanos e lagos - animais e plânctons -, afetando grandemente a cadeia alimentar.
Explosões de raios gama na Via-Láctea são raras, mas os cientistas norte-americanos estimam que pelo menos uma delas teria atingido a Terra no último bilhão de anos. Estima-se que a vida no planeta tenha surgido há 3,5 bilhões de anos.
"Uma explosão de raios gama com origem a menos de 6 mil anos-luz da Terra teria um efeito devastador na vida do planeta", afirma Adrian Melott, do Departamento de Física e Astronomia da Universidade do Kansas, em comunicado da Nasa.
"Não sabemos exatamente quando o fenômeno teria ocorrido, mas estamos certos de que ele ocorreu - e que deixou a sua marca. A informação mais surpreendente resultante do estudo foi descobrir que apenas dez segundos de exposição àquela radiação pode ter causado anos de destruição à camada de ozônio", disse Melott.
Os resultados da pesquisa serão publicadas no periódico Astrophysical Journal Letters, em artigo que traz como primeiro autor Brian Thomas, da Universidade do Kansas.