Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/01/2005
Os filmes sobre a queda de asteróides na Terra já fizeram história. O assunto continua a desafiar e preocupar cientistas e leigos. Mas, pelo menos desta vez, a história irá se inverter: pela primeira vez um artefato humano atingirá intencionalmente um corpo celeste com o objetivo de criar nele uma cratera.
Parte amanhã, dia 12, do Cabo Canaveral, na Flórida, Estados Unidos, a missão "Deep Impact" (Impacto Profundo), justamente o nome de um dos filmes sobre impacto de asteróides na Terra que alcançou maior sucesso de bilheteria.
A sonda Deep Impact percorrerá uma distância de 431 milhões de quilômetros em seis meses, até atingir, no dia 04 de Julho de 2005, o núcleo do cometa Tempel 1, uma gigantesca rocha com seis quilômetros de diâmetro.
A sonda Deep Impact é formada por duas seções: a primeira é o projétil, um bloco de cobre autoguiado de um metro de diâmetro, que deverá atingir o núcleo do cometa a uma velocidade de 37.000 quilômetros por hora.
A essa velocidade o projétil deverá se vaporizar instantaneamente, enquanto cria uma cratera que os cientistas não sabem exatamente de que tamanho será. As apostas vão desde o tamanho de uma casa até as dimensões de um campo de futebol.
A segunda seção da sonda ficará à distância, filmando tudo o que acontecerá durante o choque com a câmera mais poderosa já enviada até hoje ao espaço. "Nós sabemos tão pouco sobre a estrutura do núcleo de um cometa que precisamos de equipamentos excepcionais para garantir que capturemos o evento em sua totalidade, quaisquer que sejam os seus efeitos," explica o Dr. Michael A'Hearn, coordenador do projeto.
Na verdade, todos os "olhos" da Terra estarão voltados para o cometa Tempel 1 no dia do impacto. Além de milhares de telescópios, profissionais e amadores, os telescópios espaciais Hubble, Chandra e Spitzer também estarão acompanhando o evento.
O choque permitirá uma visão única do material interno do núcleo do cometa, que será expelido na forma de pedaços de rocha e pó. Os cientistas acreditam que a análise desse material, que está basicamente do mesmo modo como quando nosso Sistema Solar foi formado, poderá responder questões básicas sobre a formação do Universo e dos corpos celestes.
Apesar de não saber mensurar exatamente o tamanho da cratera que o projétil da Deep Impact causará, os cientistas afirmam que sua proporção em relação ao tamanho do cometa garante que não haverá nenhum risco no choque. "... este é o equivalente astronômico de um mosquito se chocar com um avião 767," afirma Don Yeomans, outro cientista da missão.