Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/06/2004
Telescópios de infravermelho
Os observatórios GEMINI, como se pode deduzir pelo seu nome, consistem de dois telescópios gêmeos, um instalado no Havaí e outro no Chile, de forma a cobrir totalmente os dois hemisférios celestes.
Além de serem os dois telescópios de infravermelho mais poderosos da Terra, chama a atenção o fato de que seus espelhos de oito metros de diâmetro são totalmente recobertos de prata.
Mas, graças a uma tecnologia especial de revestimento, o valor dos espelhos está muito mais em sua aplicação científica do que no metal raro que eles contêm. Na verdade, cada um deles possui apenas 50 gramas de prata, menos do que a quantidade mínima negociada em qualquer mercado de metais preciosos.
"Não há dúvida de que, com esse revestimento, o telescópio Gemini Sul será capaz de explorar região de formação de planetas e estrelas, buracos negros no centro das galáxias e outros objetos que têm enganado outros telescópios até agora," afirma Charlie Telesco, da Universidade da Flórida.
Revestimento de prata
A maioria dos espelhos astronômicos é recoberta com alumínio, utilizando um processo de evaporação, que requer que o revestimento seja refeito a cada 12-18 meses. Como os espelhos dos telescópios Gemini foram otimizados para ver objetos tanto no comprimento de onda infravermelho quanto na faixa visível do espectro, eles exigiram um tipo diferente de revestimento.
Além disso, a prata é mais eficiente na reflexão de alguns tipos de radiação infravermelha do que o alumínio.
O processo exigiu a construção de duas câmaras de revestimento, uma no Chile e outra no Havaí. Cada câmara possui equipamentos chamados magnetrons, que "ejetam" o revestimento átomo a átomo por meio de uma corrente de plasma, aplicando-o sobre o espelho em uma camada finíssima e homogênea.
O revestimento de prata consiste de uma pilha de quatro camadas individuais, que asseguram que a prata fique firmemente grudada na base de vidro do espelho, protegendo-o de desgastes ambientais e químicos. Cada camada mede cerca de 0,1 mícron.
Sensitividade termal
A combinação do revestimento de prata com outros detalhes de projeto transformou os Gemini nos telescópios com maior sensitividade à radiação infravermelha no mundo.
Sua sensitividade termal - a quantidade de calor que ele emite comparada ao total teórico que ele pode emitir - é de apenas 2%. Em alguns comprimentos de onda essa sensibilidade tem o mesmo efeito que teria o aumento do tamanho do espelho de 8 para 11 metros.
O Brasil é um dos participantes do projeto Gemini, ao lado dos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Chile, Austrália e Argentina.