Rob Edwards - NewScientist - 02/10/2006
Ele é o maior responsável pelas mudanças climáticas. Agora os químicos estão entusiasmados com a possibilidade de converter o dióxido de carbono em um combustível útil, com uma pequena ajuda do Sol.
Se eles conseguirem, será possível reciclar os gases que causam o efeito estufa, emitidos pela queima de combustíveis fósseis. O trabalho também poderá criar novas técnicas para que futuras missões a Marte gerem combustível para sua jornada de retorno a partir do dióxido de carbono da atmosfera do planeta.
Há muito tempo os químicos sonham em descobrir um método para tornar realidade a combustão de ciclo completo, transformando o CO2 de volta em hidrocarbonos úteis. Agora, pesquisadores da Universidade de Messina, Itália, desenvolveram uma técnica de eletrocatálise que, segundo eles, pode ser capaz de realizar a tarefa. "A conversão de CO2 em combustível não é um sonho, mas uma possibilidade efetiva que ainda requer pesquisas adicionais," diz Gabriele Centi, coordenador da pesquisa.
Os pesquisadores reduziram quimicamente o CO2 para produzir hidrocarbonos com oito ou nove átomos de carbono utilizando um catalisador de partículas de platina e paládio confinadas em nanotubos de carbono. Esses hidrocarbonos podem ser transformados em gasolina e óleo diesel.
Para começar, os cientistas utilizaram luz do sol mais uma finíssima película de dióxido de titânio para funcionar como fotocatalisador para dividir moléculas de água em oxigênio mais prótons e elétrons. Estes foram conduzidos separadamente, por meio de uma membrana de prótons e de fios, respectivamente, antes de serem combinados com CO2 mais o nanocatalisador para produzir os hidrocarbonos.
Embora o nanocatalisador produza duas ou três vezes mais hidrocarbonos do que um catalisador comercialmente viável, o processo converte apenas 1 por cento do CO2 a temperatura ambiente. Centi acredita que será possível melhorá-lo utilizando temperaturas mais elevadas e uma maior área superfical do catalisador. Também será necessário incrementar a eficiência da separação da água por energia solar, diz o pesquisador. Com a pesquisa correta, Centi acredita que um reator eficiente alimentado por energia solar para converter CO2 em combustível poderá estar disponível dentro de uma década.
Ele apresentou seus trabalhos mais recentes, financiados pela União Européia, na reunião da Sociedade Norte-Americana de Química. Outros químicos reagiram positivamente em relação às descobertas, mas com cautela. "Soa plausível," disse John Turner, do laboratório NREL. "A eficiência da conversão solar-hidrocarbono é muito pequena, mas parece que eles estão apenas começando."
Ian Plumb, que pesquisa reações de separação da água no instituto australiano CSIRO, disse que, a menos que a eficiência seja aumentada, a idéia será muito cara para ser implementada. "Mas não há dúvida de que o que eles estão tentando alcançar vale a pena."