Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/05/2006
O primeiro material supercondutor foi descoberto por um cientista alemão em 1911, quando ele congelou o elemento mercúrio a criogênicos 4 K (-269,15º C). Desde então, as pesquisas têm mostrado que cerâmicas extremamente complexas são o tipo de material mais promissor para a criação de compostos que se mantenham supercondutores a temperaturas mais elevadas.
O recorde atual dos chamados supercondutores de "alta temperatura" pertence justamente a um material cerâmico: 138 K (-135,15º C). Entre os elementos puros, o recorde é do lítio, o mesmo material com que são construídas as baterias recarregáveis mais modernas. Quando mantido sob altíssima pressão, ele se mantém supercondutor a até 20 K (-253.15º C).
A grande dificuldade de se fabricar essas cerâmicas supercondutoras de temperaturas mais elevadas tem feito com que os cientistas se voltem para ligas mais simples - afinal, seria muito mais fácil fabricar-se um supercondutor de uma liga metálica simples do que as cerâmicas, que contêm em sua fórmula até dezenas de elementos.
Foi assim que apareceram as "ligas binárias" - ligas metálicas formadas por dois elementos. Este é o caso do diborato de magnésio (MgB2), uma liga simples - facilmente fabricável a partir de dois elementos abundantes, boro e magnésio - que impressionou os cientistas quando se mostrou supercondutora a 39 K (-234,15º C).
Agora, cientistas da Universidade Duke, Estados Unidos, acreditam que poderão criar uma liga binária que poderá bater esse recorde. A dica é simplesmente substituir o magnésio justamente pelo lítio, o elemento metálico que se torna supercondutor a mais alta temperatura.
Eles conseguiram simular em computador uma molécula do que poderá se tornar a nova liga metálica binária, uma espécie de sanduíche metálico, onde o boro faz o papel de pão e o lítio vai como recheio.
O novo composto metálico é o monoboreto de lítio. Agora os cientistas só têm um "probleminha" pela frente: fabricar esse inusitado sanduíche. O mesmo modelo téorico que vislumbrou sua possibilidade de existência prediz que, para ser fabricado na prática, ele exigirá pressões gigantescas e temperaturas extremamente elevadas.
Mas, provavelmente, o maior feito dos cientistas não seja exatamente a descoberta dessa liga binária específica, mas ter aberto um caminho de possibilidades de criação de novas estruturas metálicas - uma, quem sabe, mais eficiente e que possa ser produzida a um custo mais baixo.