Agência FAPESP - 22/08/2005
Pesquisadores da Embrapa Instrumentação Agropecuária, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em São Carlos (SP), desenvolveram um método para conservar alimentos sem precisar congelá-los. O novo sistema de hidroconservação se mostrou capaz de até triplicar o tempo de prateleira de vegetais, frutas e legumes.
Calcula-se que 30% da produção brasileira de hortifrútis se perca devidoao armazenamento inadequado, transporte ou manuseio impróprio. O novo sistema mantém os alimentos embalados e imersos em meio líquido com temperatura reduzida. A alta capacidade calorífica e a condutividade térmica da água permitem o controle da temperatura em todo o volume da câmara de armazenagem.
"Em uma geladeira ou câmara fria convencional, o alimento sofre uma variação de temperatura muito grande. Uma prateleira pode registrar 10ºC e outra 2ºC", disse o coordenador do projeto e um dos inventores do sistema, José Dalton Cruz Pessoa, à Agência FAPESP. "Diferente do ar, na água a temperatura é mais homogênea e os alimentos podem ser conservados por mais tempo, sem a necessidade de congelamento."
Durante os testes realizados com a couve-manteiga, o tempo de prateleira do vegetal dobrou, quando comparado com os métodos convencionais. Nos testes com o açaí, a vida útil da fruta, que normalmente é de quatro dias, passou para 11.
"Com base nesses resultados, uma de nossas intenções é adaptar um protótipo exclusivo para o transporte fluvial de açaí. Os barqueiros chegam a levar até três dias para transportar o fruto e, muitas vezes, quando chega ao consumidor final, ele já está estragado", conta Pessoa.
Um protótipo do equipamento foi apresentado na semana passada durante o workshop "Perspectivas dos projetos da Rede Brasil de Tecnologia (RBT) no Agronegócio", que ocorreu no interior de São Paulo no início do mês. O sistema de hidroconservação é um dos 22 projetos aprovados no período 2004/2005 pela Rede Brasil de Tecnologia (RBT), programa estratégico do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com foco em quatro segmentos: petróleo, gás natural, energias alternativas e agronegócios.