Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/04/2005
"Os intestinos dos cupins poderão salvar o planeta." Essa curiosa afirmação poderia facilmente passar por uma brincadeira. Mas a coisa muda de figura quando se verifica que ela foi feita pelo cientista Steven Chu, Prêmio Nobel de Física de 1997, durante uma das mais importantes conferências de Física do mundo, que está se realizando em Warwick, Inglaterra.
O Dr. Chu está tentando criar um esforço mundial entre os cientistas, na busca de uma nova fonte de combustível que não seja danosa ao meio-ambiente. Falando para algumas das mentes mais brilhantes do mundo, ele explicou como está fazendo sua parte: estudando os intestinos dos cupins. A escolha de tão peculiar objeto de pesquisa, obviamente não foi por acaso.
O intestino dos cupins é o local onde a própria natureza resolveu um problema crucial, que hoje aflige a humanidade: a geração de uma fonte de energia neutra em carbono. Os intestinos dos cupins recebem a celulose, um material não digerível, e a convertem para etanol, hoje tido como um dos combustíveis mais versáteis e promissores para figurarem como uma fonte de energia ambientalmente correta para o futuro.
A pesquisa se mostrou tão interessante que 56 outros pesquisadores já se juntaram à equipe do Dr. Chu, no Laboratório Lawrence Berkeley, Estados Unidos.
Os Estados Unidos subsidiam os agricultores para que eles plantem milho para a produção de etanol. Mas o balanço dessa equação é largamente negativo, devido ao fato de que o processo não é neutro em termos de geração de carbono. "Do ponto de vista do meio-ambiente," explicou o Dr. Chu," teria sido melhor se nós tivéssemos simplesmente queimado petróleo."
"Mas fontes de energia neutras em carbono são um objetivo alcançável. Uma população mundial de 9 bilhões de pessoas, previsto como sendo o pico a ser alcançado, poderia ser alimentada com o cultivo de menos do que um terço da área agricultável do planeta. Uma parte da área restante poderia ser destinada ao cultivo de grãos para geração de energia. Mas a maioria de toda a matéria das plantas é celulose - um combustível sólido e de baixa eficiência, tão futurístico quanto queimar lenha. Se os cientistas puderem converter a celulose em combustíveis líquidos, como o etanol, os problemas mundiais de oferta e armazenamento de energia poderiam ser resolvidos de uma tacada só."
É aí que entram os cupins. Um bilhão de anos de evolução produziu uma fábrica de alta eficiência na transformação de celulose em etanol, muito superior a qualquer coisa que a mais alta tecnologia atual possa vislumbrar. A idéia do Dr. Chu é justamente descobrir o processo que se passa nos intestinos dos temidos insetos, reproduzir esse processo de forma artificial e resolver o problema energético mundial.
Financiamentos imensos são disponíveis para curar as "doenças dos ricos", tais como câncer e enfermidades diversas do coração, afirma, contundente, o professor Chu. "Se não conseguirmos curar o câncer nos próximos 50 anos, será trágico, mas a vida irá continuar. Mas se nós não conseguirmos desenvolver uma fonte de energia neutra em carbono, a vida irá mudar para todo mundo."