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Energia

Novas redes de distribuição elétrica podem evitar destruição de árvores

Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/02/2004


A presença das redes de distribuição elétrica é um dos maiores problemas para a arborização das cidades. "Quando existem fios e árvores juntos são feitas podas que são prejudiciais às plantas", explica a pesquisadora Giuliana Del Nero Velasco. Em sua dissertação de mestrado, defendida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba (SP), Giuliana reuniu custos de instalação e manutenção de três tipos de rede elétrica e avaliou o impacto de cada um sobre a vegetação.

O estudo concluiu que há desvantagem no uso da rede elétrica aérea convencional em relação à rede aérea compacta. "As concessionárias têm obtido praticamente o mesmo custo para instalar os dois tipos", garante. "A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por exemplo, gasta cerca de R$ 54 mil para instalar um quilômetro de rede convencional, e R$ 62 mil para a compacta." Contudo, segundo Giuliana, a rede compacta exige menos manutenção e gera gastos, em média, 79,5% menores.

A rede de distribuição convencional usa fios desencapados, dispostos lado a lado na parte de cima dos postes e também uns sobre os outros, num nível mais baixo. Já a rede compacta tem todos os fios encapados e próximos, separados por espaçadores, e utiliza equipamentos mais sofisticados. "Os fios cobertos são mais resistentes às interferências do ambiente e podem eventualmente tocar galhos ou outros objetos, sem causar queda na transmissão de energia", conta Giuliana. "Por ocuparem menos espaço, diminui a área cortada em cada árvore e também o número de plantas que precisam ser podadas, contribuindo para a preservação."

O uso da rede elétrica subterrânea também foi recomendado. Segundo a pesquisadora, sua instalação é cerca de dez vezes mais cara, no entanto a necessidade de manutenção corretiva é quase nula, os acidentes são raros e a interferência na presença das árvores praticamente não existe. "Quase 80% dos custos de implantação são gastos na abertura das valas, mas este valor tende a diminuir com o uso de novas tecnologias. A poda continua necessária, por outros motivos que não a distribuição de energia."

A influência das redes de distribuição no aspecto das árvores foi avaliada em três cidades. Em Piracicaba (SP), onde a maior parte das instalações é convencional, observou-se a maior quantidade de árvores podadas - 99%- e também atingidas por pragas e doenças. A saúde das plantas melhorou nas cidades de Maringá (PR) - com 76% de árvores podadas sob a fiação compacta - e em Belo Horizonte, onde há algumas ruas com instalações subterrâneas.

Segundo Giuliana, a poda é necessária para que as árvores se adaptem às condições da cidade, com galhos mais altos, limpos e saudáveis. "O problema é que, normalmente, o trabalho visa apenas a manutenção da rede elétrica, sem observar as técnicas próprias", afirma a pesquisadora. "Como exemplo, posso citar a entrada de microorganismos através de grandes cortes voltados para cima, que devem ser evitados."

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