Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/11/2003
Biomimética
Cientistas dos Laboratórios Bell, pertencentes à empresa Lucent, descobriram uma fibra óptica natural, biológica, presente no corpo de uma esponja que vive em grandes profundezas nos oceanos.
A fibra óptica natural é bastante semelhante às utilizadas nos mais modernos sistemas de comunicação atuais, mas os cientistas acreditam que ela possa ter vantagens tecnológicas em relação às fibras ópticas artificiais. A pesquisa foi publicada na revista Nature.
A descoberta, feita por uma equipe liderada pela Dra. Joanna Aizenberg, é a última novidade na biomimética, um campo de estudo recente que retira princípios de engenharia da natureza, aplicando-os em novas tecnologias e produtos artificiais.
Esponja tecelã
A esponja capaz de fabricar suas próprias fibras ópticas é a Euplectella, comumente conhecida como Vaso de Flores de Vênus.
A Euplectella tem uma estrutura cilíndrica formada por um esqueleto de sílica vítrea parecido com uma peneira. Na base do esqueleto há um tufo de fibras que se estende para fora do corpo do animal como uma coroa invertida.
As fibras ópticas biológicas têm entre cinco e 15 centímetros de comprimento, com o diâmetro comparável ao de um fio de cabelo humano.
Cada uma das fibras ópticas da Euplectella é composta de diversas camadas, cada uma com diferentes propriedades ópticas.
São cilindros concêntricos de sílica com alto conteúdo orgânico recobrindo um núcleo interno de vidro de altíssima pureza, uma estrutura muito parecida com aquela das fibras ópticas comerciais.
Fibras ópticas biológicas
Embora as fibras ópticas biológicas não apresentem a total transparência necessária para os atuais sistemas de comunicação, os pesquisadores descobriram que elas possuem uma grande vantagem: elas são extremamente resistentes a quebras e fraturas.
Embora sejam um meio muito seguro, as quebras de fibras ópticas são a principal causa de interrupção nas redes de comunicação atuais.
"Você pode dobrar essas bio-fibras ópticas em nós apertados e, ao contrário das fibras comerciais, elas não se quebrarão. Talvez nós possamos aprender como melhorar as fibras comerciais existentes a partir de estudos dessas fibras da Vaso de Flores de Vênus," explica a Dra. Aizenberg.