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Energia

Brasil poderá fabricar refrigeradores magnéticos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/08/2003


Pesquisadores do Grupo de Preparação e Caracterização de Materiais do Departamento de Física Aplicada (DFA) da Unicamp estão trabalhando na obtenção de materiais magnetocalóricos, que podem ser aplicados, por exemplo, na construção de refrigeradores magnéticos. Estes apresentam uma série de vantagens sobre os aparelhos convencionais, como um ciclo de refrigeração muito mais eficiente. Além disso, por usar um sólido no lugar de gás, o refrigerador magnético pode ser menor, já que dispensa o uso de compressor. Por último, os materiais magnetocalóricos são pouco poluentes, ao contrário dos gases utilizados nos equipamentos comuns, que são tóxicos ou agridem a camada de ozônio.

De acordo com o professor Sérgio Gama, coordenador do Grupo de Preparação e Caracterização de Materiais, os materiais magnetocalóricos são aqueles que, ao serem colocados em um campo magnético, aumentam a sua temperatura. O inverso ocorre quando são afastados desse campo. Em geral, segundo ele, esse efeito é muito pequeno e tem interesse apenas acadêmico.

Ocorre que, nas vizinhanças de transições magnéticas de fase, o efeito pode ser grande o suficiente para apresentar interesse tecnológico. Atualmente, os pesquisadores estão iniciando um projeto para a construção de um protótipo de refrigerador magnético, utilizando um metal puro denominado Gd e um eletroímã convencional. O equipamento servirá de base para desenvolvimentos posteriores, que empregarão outros compostos e terão o eletroímã substituído por um imã permanente.

O grupo do qual o professor Gama faz parte também desenvolveu um dispositivo de injeção a vácuo e sob pressão para a geração de ligas amorfas em volume com espessuras milimétricas. Nos processos convencionais, esses materiais são obtidos por meio de resfriamentos muito rápidos, a partir da fase líquida. Isso faz com que assumam a forma de fitas muito finas - da ordem de algumas dezenas de micrômetros -, que geram pequeno interesse. A tecnologia desenvolvida pelos especialistas da Unicamp, que está adaptada a um forno de rádio freqüência, foi testada com sucesso em ligas comerciais de alumínio e magnésio e em ligas amorfas em volume à base de zircônio e ferro. Estas últimas apresentam melhores propriedades mecânicas e de corrosão que as ligas policristalinas.

Segundo o professor Gama, o interesse tecnológico pelo dispositivo está justamente na facilidade de adaptação para a injeção a vácuo de ligas comerciais de alumínio e magnésio. Através desse processo, é possível obter corpos sem a presença de bolhas, que são típicas da injeção convencional.

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