Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/06/2003
Cientistas da Universidade de Saint Louis (Estados Unidos) desenvolveram uma nova célula a bio-combustível, uma célula a combustível que funciona com álcool e enzimas. Os pesquisadores que pretendem oferecer um substituto viável para as baterias recarregáveis, que hoje equipam telefones celulares e computadores portáteis, vêm trabalhando arduamente na busca de células que funcionem com combustíveis fartamente disponíveis no mercado, ao invés do? hidrogênio, para o qual ainda não existem canais viáveis de distribuição.
Células com bio-combustível têm sido estudadas há mais de 50 anos, mas a tecnologia não avançou a ponto de torná-las viáveis e práticas. Ao contrário das baterias, que utilizam metais como o lítio ou níquel para catalisar a reação produtora de energia, estas células utilizam enzimas, moléculas existentes em todas as criaturas vivas.
"O único ítem consumido por uma célula a bio-combustível é o combustível e o oxigênio do ar," explica o professor Shelley Minteer, chefe do grupo de pesquisadores. "Garantido o ambiente adequado, uma enzima deverá durar por um período muito longo."
Mas encontrar o ambiente adequado tem sido o grande problema. Enzimas são extremamente sensíveis a alterações no pH e na temperatura, e mesmo pequenas diferenças em relação a um ambiente ideal podem levar à sua inatividade, diminuindo a produção de energia da célula. O problema foi agora resolvido pelos cientistas chefiados pelo Dr. Minteer.
Os pesquisadores recobriram os eletrodos da célula a combustível com um material especial que criou o ambiente ideal para que estas enzimas operem adequadamente e gerem uma grande quantidade de energia durante um longo tempo. Até agora, as bio-células tinham durado apenas alguns dias. "Com a otimização adequada, nossas células a bio-combustível poderão durar até um mês sem recarga, o que significa que você não terá que recarregar seu telefone celular por 30 dias," disse Minteer.
A maioria das bio-células utiliza o metanol, um tipo de álcool. Mas a nova célula utiliza etanol, devido à sua atividade mais elevada na presença de enzimas. O etanol é fácil de se fabricar, barato e largamente disponível no mercado, sendo fabricado principalmente a partir do milho. Além disso, ele não possui a toxicidade do metanol.
Minteer e seu grupo estão procurando soluções viáveis para aplicações em pequena escala, construindo protótipos não maiores do que 5 centímetros quadrados. Eles já testaram 50 células com diferentes combustíveis, tendo alcançado sucesso com vodka, gin, vinho branco e até cerveja.