Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/10/2002
Um experimento inédito no campo da fusão nuclear está sendo feito conjuntamente pelo Japão, Canadá, União Européia e Rússia. Uma parte do experimento foi concluído neste mês. Trata-se de um magneto de 150 toneladas, que permitirá experiências que poderão colocar o mundo mais próximo da fusão nuclear como fonte de energia.
Mais este passo foi comemorado em reunião realizada na última semana, no Canadá. O magneto é parte do projeto International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), um sistema que, quando pronto, pesará 10.000 toneladas.
O ITER é maior projeto conjunto de pesquisa científica depois da Estação Espacial Internacional. Está orçado em US$4 bilhões e deverá levar 10 anos para ser concluído.
O objetivo do ITER, que em latim significa "o caminho", é a demonstração da fusão nuclear como fonte de energia. Fusão nuclear é a energia que alimenta o Sol e as estrelas. Na fusão nuclear, elementos leves são fundidos a enormes pressões para se obter elementos mais pesados. O processo libera quantidades fantásticas de energia. Poderosos magnetos fornecem o campo magnético para iniciar, sustentar e controlar o plasma, o gás ionizado no qual a fusão ocorre.
O magneto de 150 toneladas, que já está posicionado no local definitivo, no Japão, é a base para o magneto de 925 toneladas, o qual será o responsável pela formação e aquecimento do plasma. Dois magnetos adicionais irão confinar o plasma e controlar seu formato. Um modelo para um destes magnetos está atualmente em testes na Alemanha.
O magneto tem formato cilíndrico e tem três partes principais: um modelo externo, construído pela equipe japonesa, um módulo interno, construído sob encomenda de empresas norte-americanas e uma fina bobina no centro, contendo os instrumentos que dirão aos cientistas o que está acontecendo. Os instrumentos foram construídos no Japão e na Rússia e já foram testados.
Testes realizados antes da montagem final mostraram que o magneto é capaz de produzir 13 tesla, cerca de 260 vezes mais forte do que o campo magnético da Terra, com uma energia armazenada de 640 megajoules a uma corrente de 46.000 ampéres. O mais importante, contudo, é que a equipe de pesquisadores descobriu que é capaz de controlar o magneto em pulsos, levando-o a 13 tesla e desativando-o em poucos segundos.
Um magneto supercondutor operado a uma corrente constante, como os utilizados nos equipamentos de ressonância magnética, não dissipa nenhuma energia elétrica. Isso não ocorreu com o super magneto que, ao invés de uma corrente constante, é controlado por pulsos. No início dos testes, o magneto perdeu energia em excesso. Mas, com a repetição das operações, o magneto parece corrigir-se automaticamente, tendo a perda de energia caído para os níveis que os cientistas haviam previsto.