Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/03/2007
Apenas um pequeno número de invisuais - pessoas portadoras de deficiências visuais, mais comumente chamadas de cegos - tem condições de ter um cão-guia. A própria manutenção do cão é um desafio à parte, quase sempre impedindo que o invisual resida sozinho. A saída é a boa e velha bengala e a solidariedade daqueles que compartilham com ele as ruas e calçadas.
Com o objetivo de auxiliar na inclusão dos invisuais, permitindo-lhes uma vida mais plena e independente, pesquisadores da Universidade de Guelph, Canadá, desenvolveram uma luva especial, dotada de visão artificial e um sistema de direção, que informa ao seu portador a existência de obstáculos por meio de minúsculos motores vibratórios, iguais aos que equipam os telefones celulares.
Bengala eletrônica
A luva é um sistema completo de navegação - um verdadeiro "cão-guia eletrônico" ou, no mínimo, uma bengala eletrônica high-tech - dotado de visão estereoscópica e feedback táctil.
Duas minúsculas câmeras de vídeo são conectadas a um computador portátil, tipo PDA, que processa as imagens captadas e envia a informação para a luva. Costurados em cada dedo da luva estão minúsculos motores vibratórios. Os motores são acionados de forma independente pelo programa, indicando ao invisual a existência de obstáculos ou de flutuações no terreno em cada direção.
Os sistemas tradicionais de navegação dão feedback audível, e eles normalmente têm uma acentuada curva de aprendizagem e sobrecarregam o canal de audição," diz o professor John Zelek. "Nós queremos que nosso sistema seja intuitivo para o usuário."
Visão 3D
Utilizando imagens de duas câmeras, o sistema consegue detectar profundidade, dando ao usuário informações sobre os obstáculos a uma distância que o permita desviar-se deles. O alcance das câmeras é de cerca de 10 metros.
A visão 3D é essencial para guiar o invisual por uma calçada repleta de transeuntes, o que poderia travar um sistema de visão artificial tradicional, que enxergaria obstáculos por toda parte, mesmo que eles ainda estivessem a vários metros de distância.
Luva eletrônica
"O computador processa as imagens e envia um sinal para o motor vibratório do dedo equivalente à posição dos obstáculos mais próximos. Por exemplo, se a luva estiver vestida na mão esquerda e houver um obstáculo exatamente à frente, será acionado o motor vibratório do dedo médio. Se o obstáculo está um pouco à direita, será disparado o motor vibratório do dedo indicador.
Assim o usuário da luva eletrônica poderá ir se desviando de cada obstáculo. Enquanto isso, as imagens continuam alimentando o computador, que vai enviando à luva novos comandos para indicar a presença de novos obstáculos.
A luva eletrônica agora começará a ser testada em campo, por voluntários do Instituto Canadense para os Cegos. Somente depois desses testes e dos aprimoramentos que eventualmente se tornarem necessários, a nova bengala- eletrônica-hightech-com-visão-3D poderá chegar ao mercado.