Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/04/2005
Pesquisadores da Universidade de Stanford, Estados Unidos, apresentaram o projeto de um novo implante de retina que alcança uma resolução correspondente a uma acuidade visual de 20/80, o suficiente para que uma pessoa consiga se orientar ao redor de objetos, reconhecer rostos, ler letras grandes e até assistir TV. Já existem outros implantes de retina, inclusive em testes clínicos, mas nenhum deles sequer se aproxima dessa resolução.
Os cientistas já estão testando seu olho biônico em ratos, mas eles afirmam que os testes em humanos ainda demorarão cerca de três anos. Quando totalmente desenvolvido, o novo sensor optoeletrônico poderá dar visão artificial a todas as pessoas que hoje não enxergam devido a degeneração da retina, uma doença que mata os fotoreceptores responsáveis pela captação da luz.
Como essas células, chamadas cones e bastonetes, morrem, os cientistas estão tentando contorná-las e enviar os sinais visuais diretamente para o interior da retina. É um equipamento assim que dá visão ao engenheiro Geordi La Forge, da série de ficção científica Jornada nas Estrelas. Só que o filme se passa no século XXIV.
O olho biônico da atualidade consiste em uma minúscula câmera de vídeo montada sobre óculos transparentes, parecidos com os utilizados em sistemas de realidade virtual, tudo ligado a um computador, responsável pelo processamento. Há ainda uma bateria solar implantada na íris e um chip sensível à luz, implantado na retina.
A câmera capta a imagem e a envia ao computador, que a processa e envia o resultado para uma mini-tela, montada nos óculos. Os óculos transparentes refletem uma imagem infravermelha no chip, que repassa os sinais às células sensoriais vivas no interior da retina. O chip mede apenas 3 milímetros, permitindo que o usuário venha a ter 10 graus de campo visual de cada vez.
O chip é, na verdade, um sensor muito parecido com os CCD utilizados nas atuais câmeras digitais. Mas o olho humano é muito mais complexo. Ele tem mais de 100 milhões de fotoreceptores. "Se nós compararmos com as modernas máquinas digitais, por exemplo, ele teria 100 megapixels," afirma Daniel Palanker, um dos criadores do novo implante de retina.
E se as câmeras eletrônicas fazem um bom trabalho de processamento de imagens, o olho faz um trabalho espetacular, comprimindo informação e enviando-a ao cérebro por meio de um milhão de axônios, as células do nervo ótico. "Nós temos um processador embutido no olho," afirma Palanker. "Antes de ir para o cérebro, a imagem é significativamente processada."
O trabalho foi publicado no Jornal de Engenharia Neural.