Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/06/2020
Outras terras
Dois astrônomos da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, fizeram novas estimativas sobre a ocorrência de planetas semelhantes à Terra em nossa galáxia e, talvez não por acaso, chegaram a números dignos de serem chamados de astronômicos.
Segundo Michelle Kunimoto e Jaymie Matthews, podem existir cerca de 6 bilhões de "outras Terras" na Via Láctea.
Para ser considerado semelhante à Terra, um exoplaneta deve ser rochoso, ter o tamanho aproximado da Terra e orbitar estrelas do tipo Sol (tipo G). Ele também tem que residir nas zonas habitáveis de sua estrela, o intervalo de distâncias de uma estrela onde um planeta rochoso pode ter água líquida em sua superfície.
Estimativas anteriores da frequência de planetas semelhantes à Terra variaram de cerca de 0,02 planeta potencialmente habitável por estrela semelhante ao Sol, até mais de um por estrela semelhante ao Sol, o que levou os astrônomos a dizerem que a Via Láctea teria 100 milhões de planetas habitáveis.
Os novos cálculos elevaram essa proporção para 0,18 planetas-terras por estrela do tipo G.
"Nossa Via Láctea tem até 400 bilhões de estrelas, sendo sete por cento delas do tipo G. Isso significa que pelo menos seis bilhões de estrelas podem ter planetas semelhantes à Terra em nossa galáxia," disse Matthews.
Como encontrar outras terras
Embora as técnicas atuais de encontrar exoplanetas venham evoluindo constantemente, ainda é muito difícil detectar esses planetas rochosos similares à Terra porque eles são muito pequenos e orbitam sua estrela a uma distância relativamente grande, o que faz com que sua influência sobre a luz da sua estrela que nossos telescópios captam é muito pequena.
Por isso a dupla trabalhou com estimativas envolvendo cerca de 200.0000 estrelas observadas pelo telescópio espacial Kepler.
"Estimar a forma como diferentes tipos de planetas são comuns em torno de estrelas diferentes pode fornecer restrições importantes às teorias de formação e evolução de planetas e ajudar a otimizar missões futuras dedicadas a encontrar exoplanetas," acrescentou Kunimoto.
O trabalho também abordou uma das questões mais importante da ciência dos exoplanetas: o "hiato do raio" dos planetas. Esse hiato do raio demonstra que é incomum que planetas com períodos orbitais inferiores a 100 dias tenham um tamanho entre 1,5 e duas vezes o da Terra.
Kunimoto descobriu que o hiato de raio existe em uma faixa de períodos orbitais muito mais estreita do que se pensava anteriormente, o que impõe restrições aos modelos de evolução dos planetas que tentavam explicar as características dos planetas em função de suas distâncias orbitais.