Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/02/2025
Usina de hidrogênio
A Universidade de São Paulo (USP) começou a testar a primeira usina do mundo dedicada à produção de hidrogênio renovável a partir do etanol, um marco na busca por soluções energéticas limpas e na transição para uma economia de baixo carbono.
Com um investimento de R$ 50 milhões, a estação está localizada na Cidade Universitária, em São Paulo, e é parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento que conta com a colaboração de várias empresas e outras instituições de pesquisa.
A planta-piloto tem capacidade para produzir 100 quilogramas de hidrogênio por dia, volume que inicialmente será utilizado para abastecer três ônibus do transporte público da USP e dois carros, um Toyota Mirai e um Hyundai Nexo, ambos movidos a hidrogênio - as duas empresas são parceiras do projeto.
Seu principal objetivo é demonstrar a viabilidade de usar o etanol como vetor para a produção de hidrogênio sustentável, aproveitando a infraestrutura já existente no país. Nesta fase, serão avaliados a taxa de conversão de etanol em hidrogênio e os índices de consumo e rendimento do combustível nos veículos.
"Estamos promovendo uma revolução na matriz energética ao demonstrar que é possível produzir hidrogênio sustentável a partir do etanol, com grande eficiência logística," disse o professor Júio Meneghini. "O Brasil tem condições únicas para esse desenvolvimento, considerando nossa infraestrutura já consolidada para o etanol. Isso abre possibilidades para a descarbonização da indústria em setores com alto nível de emissões, como a siderúrgica e a cimenteira, além dos setores químico e petroquímico, na produção de fertilizantes e no transporte de carga e passageiros em larga escala."
Como o etanol vira hidrogênio
A produção de hidrogênio na planta-piloto ocorre por meio da reforma a vapor do etanol, um processo químico no qual o etanol reage com água sob altas temperaturas, resultando na liberação de hidrogênio.
Esse método se destaca por sua eficiência e pela possibilidade de reduzir as emissões de carbono, uma vez que o CO2 liberado no processo é biogênico, ou seja, pode ser compensado no ciclo do cultivo da cana-de-açúcar.
A implantação da estação experimental abre caminho para o avanço da mobilidade sustentável. Fabricantes de aviões e montadoras de caminhões e ônibus podem se beneficiar diretamente da iniciativa, uma vez que terão acesso a uma fonte sustentável de hidrogênio para o desenvolvimento de tecnologias baseadas em células a combustível.
"O fomento dessa tecnologia pode trazer benefícios enormes para a indústria brasileira. A disponibilidade de hidrogênio em grande escala é fundamental para permitir avanços em diversas frentes, desde a mobilidade até a produção de fertilizantes sustentáveis," destacou Meneghini.
A partir dos resultados obtidos com a planta-piloto, espera-se obter dados que possam orientar estudos futuros sobre sua aplicação em maior escala. "Nosso objetivo é demonstrar o potencial dessa solução e gerar conhecimento técnico-científico sobre sua viabilidade, aproveitando a infraestrutura do etanol para viabilizar a produção e distribuição do hidrogênio renovável," concluiu Meneghini.
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