Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/01/2009
Em 1543, em seu livro Sobre as Revoluções das Esferas Celestes, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico tirou a Terra definitivamente do centro do Universo, demonstrando que vivíamos sobre um mero planeta, entre vários outros, orbitando o Sol.
Princípio Copernicano
Com o progresso da astronomia, o conceito foi muito ampliado, e o agora chamado Princípio Copernicano transformou-se no pilar da moderna cosmologia: nosso lugar no Universo é um lugar, comum, como outro qualquer, e nosso planeta é apenas mais um planeta orbitando mais uma estrela.
Apesar disso, uma evidência definitiva de que vivemos em um lugar absolutamente comum, sem nada de especial em relação a qualquer outro lugar do Universo, também não é fácil de conseguir.
Veja o exemplo de uma teoria que se oferece como uma alternativa à Teoria da Energia Escura.
Teoria da Energia Escura
Em 1998, estudos de explosões fenomenais de corpos celestes chamados supernovas do tipo Ia indicaram que o Universo não estava apenas se expandindo, mas que esta expansão estava se acelerando.
Para justificar a observação, os astrofísicos especularam sobre a existência de uma força repulsiva, à qual batizaram de Energia Escura.
Alternativa à teoria da Energia Escura
Embora tenha-se tornado a teoria mais aceita nos meios acadêmicos, há físicos que oferecem uma explicação alternativa para os dados das explosões das supernovas: segundo eles, a Terra estaria próxima ao centro de uma espécie de "bolha", um gigantesco vácuo, um vazio praticamente sem matéria.
Segundo esta proposta, a gravidade criaria a ilusão da aceleração observada nas explosões das supernovas e não seria necessário teorizar a existência de nenhuma energia escura.
E lá vamos nós novamente, se não para o centro do Universo, pelo menos para o centro de uma bolha vazia, um lugar de certa forma "especial."
Vazio material
A proposta contraria o Princípio Copernicano. Mas, em ciência, não há dogmas e não há uma exigência inquisitorial de que, uma vez estabelecidos, os princípios devam manter-se válidos pela eternidade.
Logo, vale a pena analisar a hipótese de estarmos novamente no centro de um "vazio material".
Foi o que fez uma equipe de astrofísicos da Universidade British Columbia, no Canadá.
Modelos de vácuo espacial
"Nós testamos modelos de vácuo espacial contra os últimos dados observacionais, incluindo detalhes sutis na radiação cósmica de fundo - o brilho do Big Bang - e ondulações na distribuição da matéria em larga escala," conta o pesquisador Jim Zibin.
Os estudos levaram a uma conclusão muito firme: o modelo da "bolha vazia" não consegue explicar os dados coletados. A pesquisa é um forte reforço à teoria da Energia Escura.
Cosmologia de precisão
Vale dizer, a Terra foi mais uma vez varrida do centro de qualquer coisa, agora numa versão século XXI, com os dados astronômicos mais precisos já obtidos até hoje.
"Avanços recentes na coleta de dados nos trouxeram para uma era de cosmologia de precisão. Os modelos de vácuo são horríveis para explicar os novos dados, mas o modelo padrão da Energia Escura funciona muito bem," afirma Zibin.
Um lugar especial no Universo
"Como nós somente conseguimos observar o Universo a partir da Terra, é realmente difícil determinar se nós estamos em um 'lugar especial.' Mas nós agora aprendemos que nossa localização é muito mais ordinária do que a estranha energia escura que preenche o Universo," afirma o pesquisador.