Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/12/2020
Velocidade da Terra
A Terra acabou de ficar 25.200 km/h (7 km/s) mais rápida e quase 2.000 anos-luz mais perto do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, o Sagitário A*.
Mas não se preocupe, isso não significa que nosso planeta está mergulhando em direção ao buraco negro.
De fato, tudo continua como era antes, e essas mudanças são resultados de um modelo melhor da Via Láctea, construído com base em novos dados de observação, sobretudo de um catálogo de corpos celestes observados ao longo de mais de 15 anos pelo projeto japonês de radioastronomia VERA.
Com os novos dados, os astrônomos construíram um mapa de posição e velocidade e, a partir desse mapa, eles calcularam o centro da galáxia, o ponto em torno do qual tudo gira.
O mapa indica que o centro da Via Láctea, e o buraco negro supermassivo que fica lá, está localizado a 25.800 anos-luz da Terra. Isso é mais próximo do que o valor oficial (27.700 anos-luz) adotado pela União Astronômica Internacional em 1985.
O componente de velocidade do mapa indica que a Terra está viajando a 227 km/s (81.720 km/h) enquanto orbita ao redor do centro galáctico. Isso é mais rápido do que o valor oficial de 220 km/s.
Astrometria
O projeto VERA começou em 2000 a mapear a velocidade tridimensional e as estruturas espaciais na Via Láctea usando uma técnica conhecida como interferometria. VERA é um acrônimo em inglês para Exploração por Rádio Astrometria por VLBI - por sua vez, VLBI significa Interferometria de Linha de Base Muito Longa.
A técnica consiste em combinar dados de radiotelescópios espalhados por todo o arquipélago japonês, a fim de alcançar a mesma resolução que um telescópio de 2.300 km de diâmetro. A precisão da medição alcançada com esta resolução - 10 microssegundos de arco - é teoricamente nítida o suficiente para captar detalhes de uma moeda de um centavo colocada na superfície da Lua.
Como a Terra está localizada dentro da Via Láctea, não podemos dar um passo para trás e ver como a galáxia se parece de fora. Por isso, a astrometria - a medição das posições e movimentos dos corpos celestes - é uma ferramenta essencial para compreender a estrutura geral da galáxia e nosso lugar nela.
A equipe vai continuar a observar mais corpos celestes, particularmente aqueles próximos ao buraco negro Sagitário A*, para caracterizar melhor a estrutura e o movimento da nossa galáxia. Como parte desses esforços, os radiotelescópios japoneses vão participar da EAVN (Rede VLBI do Leste Asiático), composta por radiotelescópios localizados no Japão, Coreia do Sul e China. Aumentando o número de telescópios e a separação máxima entre eles, a EAVN poderá atingir uma precisão ainda maior.