Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/01/2020
SapoFone
O sapatofone do Agente 86 está para perder seu posto de equipamento de comunicação mais bizarro já idealizado.
Adrian Sanchis e uma equipe de três universidades australianas acaba de criar o "SapoFone", um aparelho que permite aos cientistas fazer chamadas para os sapos no meio ambiente, com vistas a observar seu comportamento.
Uma vez posto perto da lagoa ou qualquer outro habitat dos sapos que se quer estudar, o SapoFone permite "chamar" os sapos de qualquer lugar, a qualquer hora, usando o próprio celular. As respostas podem chegar na forma de voz - dos sapos, é claro - ou por mensagens de texto emitidas pelo equipamento de monitoramento local.
"Estimamos que o dispositivo com o microfone atual possa detectar sapos chamando de um raio de 100 a 150 metros. O dispositivo nos permite monitorar a população local de sapos com mais frequência e maior facilidade, o que é significativo, já que as espécies de sapos são amplamente reconhecidas como indicadores de saúde ambiental," disse Sanchis.
O monitoramento acústico de animais geralmente envolve visitas de um pesquisador ao local ou o uso de dispositivos acústicos passivos alimentados por bateria, que registram chamadas e as armazenam localmente no dispositivo para posterior análise. Isso geralmente requer observação noturna, quando os sapos são mais ativos.
Agora, quando os pesquisadores discam remotamente para o SapoFone, a chamada pode ser gravada no próprio celular do pesquisador, dispensando o deslocamento para recolhimento dos dados.
Código aberto
O SapoFone unifica os métodos de monitoramento ativo e acústico passivo, tudo em um invólucro à prova d'água. O sistema possui uma bateria de grande capacidade acoplada a um painel solar. Ele também contém sensores térmicos digitais para coletar automaticamente dados ambientais, como temperatura da água e do ar em tempo real.
O sistema simula os principais recursos de um celular. O SapoFone aceita chamadas de forma independente com intervalos de apenas três segundos. Esses três segundos dão tempo para ativar os sensores de temperatura e medir os níveis de armazenamento da bateria. Todas as leituras são automaticamente enviadas para o telefone do chamador.
"O SapoFone ajudará a reduzir drasticamente os custos e riscos envolvidos em pesquisas remotas ou de alta intensidade. Seu uso também minimiza os possíveis impactos negativos da presença humana nos locais da pesquisa. Esses benefícios são ampliados com o aumento da distância e inacessibilidade de um campo," disse a pesquisadora Anke Hoefer.
Todo o sistema do SapoFone está sendo disponibilizado pela equipe em código aberto. Futuramente, eles pretendem incluir microfones multidirecionais e um link via satélite, para observar locais onde o sinal de telefonia celular não alcança.