Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/01/2017
Base subterrânea na Lua
A pedido da Agência Espacial Europeia (ESA), engenheiros noruegueses estão investigando como robôs que imitem cobras e minhocas podem realizar trabalhos de manutenção na Estação Espacial Internacional (ISS), estudar cometas ou explorar a possibilidade de que os humanos possam viver e trabalhar em túneis de lava na Lua.
A ESA acredita que o próximo grande passo da humanidade pode ser um projeto global conjunto destinado a estabelecer um assentamento na Lua - a tão sonhada base lunar. Uma base poderia dar o pontapé inicial para a ocupação permanente da Lua, com vistas a atividades científicas, turismo ou mineração.
E o lugar mais promissor para construir uma base lunar são os tubos de lava, verdadeiros túneis onde rocha derretida fluiu no passado.
Além de simplificar a construção e diminuir drasticamente a quantidade de material que deverá ser transportado para o satélite, morar nos tubos de lava significará que os colonos estarão protegidos da exposição prejudicial à radiação cósmica e ao impacto de meteoritos.
Robôs-cobra espaciais
Antes de começar a construção, porém, os túneis precisam ser inspecionados para garantir que é possível que as pessoas vivam e trabalhem neles. Por exemplo, os tubos de lava podem aprofundar-se verticalmente a partir da superfície. Então, mesmo a força da gravidade sendo bem fraca na Lua, como será possível facilitar o acesso e a mobilidade por essas casas espaciais subterrâneas?
A ESA também está interessada em estudar cometas, aprofundando o que se aprendeu recentemente com a ajuda da sonda Rosetta. Como os dados indicaram que, em vez de serem bolas de gelo sujo, como os cientistas acreditavam, esses corpos são bem secos, mas de pouca densidade, pode ser fácil encontrar caminhos para suas entranhas, revelando mais sobre sua origem e a formação do próprio Sistema Solar.
É aí que os robôs-cobra têm um papel a desempenhar. Mesmo missões não-tripuladas podem liberar esses robôs na superfície. Os dados gerados pelo trabalho exploratório seriam transmitidos à nave-mãe que os levou, que retransmitiria tudo à Terra para o planejamento de missões mais avançadas.
Robôs na ISS
Mas, a curto prazo, o maior interesse está nos robôs-cobra capazes de prestar serviços na ISS.
"Aplicações mais ambiciosas incluem atividades nos cometas e na Lua," confirma Aksel Transeth, diretor do projeto. "Mas, neste momento, os projetos mais realistas focam em como os robôs-cobra podem ajudar os astronautas da ISS a manter seus equipamentos."
A tarefa principal dos astronautas na Estação hoje é a realização de experimentos, mas eles também precisam inspecionar e manter todo o equipamento necessário para manter a ISS funcionando e em segurança. Qualquer coisa que lhes poupe tempo na agenda vale seu peso em ouro.
"É possível que um robô possa realizar grande parte do trabalho rotineiro de inspeção e manutenção," disse Transeth. "Os experimentos são empilhados em seções em prateleiras, por trás dos quais pode ocorrer corrosão. Para checar isto são feitas inspeções. Um robô-cobra poderia rastejar atrás das seções, realizar uma inspeção e talvez até mesmo realizar pequenas tarefas de manutenção."
Antes disso, um drone chamado Astrobee - do projeto Spheres, da NASA - deverá voar ao redor da ISS para fazer inspeções externas. Os engenheiros acreditam que poderão aprender muito com o Astrobee porque algumas de suas tecnologias serão semelhantes às que podem ser aplicadas nos robôs-cobra.
A expectativa é que o Astrobee voe no espaço em 2017, e os primeiros protótipos de robôs-cobra espaciais estejam prontos para testes em três anos.