Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/11/2020
Raio trator para raios
Pesquisadores australianos estão desenvolvendo uma tecnologia para domar os raios, permitindo controlar sua queda, dirigindo-os para a segurança de pára-raios.
Vladlen Shvedov e seus colegas da Universidade Nacional Australiana chamam a tecnologia de "raio trator a laser".
Embora já existam raios tratores fotônicos e acústicos, capazes de capturar átomos individuais e até células vivas, a técnica não consiste em literalmente "puxar" os raios, mas em criar um caminho preferencial na atmosfera por onde sua descarga possa se dar.
A equipe usou um feixe de laser que imita o mesmo processo do relâmpago, criando um caminho que direciona as descargas elétricas para alvos específicos.
"O experimento simulou condições atmosféricas semelhantes às encontradas em raios reais," disse o professor Shvedov. "Podemos imaginar um futuro onde esta tecnologia possa induzir descargas elétricas dos relâmpagos, ajudando a guiá-lo para alvos seguros e reduzir o risco de incêndios catastróficos."
Raio trator para medicina e indústria
Uma das vantagens do experimento é que a equipe usou um laser de intensidade mil vezes menor do que em todas as tentativas anteriores de guiar raios, o que significa que qualquer tecnologia prática para controlar raios pode ser muito mais barata, segura e precisa do que se imaginava.
Mas ainda há trabalho a ser feito antes que o "raio trator de raios" possa ser usado em condições ambientais reais.
O experimento foi feito em uma câmara fechada em cujo ambiente foi dispersa uma nuvem de micropartículas de grafeno. Ao ser disparado, o feixe de laser aquece essas micropartículas, criando um "caminho" condutor que guia a descarga elétrica. A equipe ainda não tem um plano de como dispersar as partículas de grafeno na atmosfera no ambiente agitado de uma tempestade, por exemplo.
Contudo, antes de ser usado para evitar incêndios ou danos a prédios e pessoas, o raio trator a laser poderá ter aplicações no controle das descargas elétricas em microescala, com aplicações em medicina ou mesmo nos processos de soldagem na indústria.
"Nós criamos um fio invisível, uma caneta com a qual podemos escrever luz e controlar a descarga elétrica com cerca de um décimo da largura de um cabelo humano," disse o professor Andrey Miroshnichenko. "As aplicações médicas incluem de bisturis ópticos para a remoção de tecido canceroso duro a técnicas de cirurgia não invasivas."