Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/09/2021
Laser contra raios
A onda de inovações tecnológicas que tomou o mundo de assalto no século passado não parece ter atingido os para-raios.
Já se vão quase três séculos desde que Benjamin Franklin inventou o dispositivo, mas a nossa proteção contra os raios continua baseada no mesmo conceito.
O conceito funciona bem, mas atrair raios para conduzir sua corrente até solo não raramente causa efeitos indiretos adicionais e até mais graves, como a interferência eletromagnética e picos de tensão em aparelhos industriais e eletrodomésticos. E nem todos os locais que precisam de proteção permitem sua instalação.
Nos anos 1960, a invenção do laser trouxe uma nova esperança: Usar lasers de alta potência para criar "caminhos de plasma" pelos quais os raios pudessem descer para pontos determinados, se possível longe das construções.
Mas logo ficou claro que não era fácil implementar essa ideia porque ela exigia lasers com potência na casa dos terawatts e que pudessem ser ligados e desligados muito rapidamente, milhares de vezes por segundo, para evitar um fenômeno conhecido como "avalanche de elétrons", que impede que o caminho de plasma seja traçado atmosfera acima.
Pesquisadores europeus agora estão tentando ressuscitar a ideia. Para isso, eles construíram um laser único no mundo, que eles acreditam que poderá finalmente comprovar que é possível guiar raios à distância para pontos definidos.
Para-raios a laser
O projeto LLR (Laser Lightning Rod, ou para-raios a laser), instalado no Monte Santis, na Suíça, usa um laser de 5 toneladas e 9 metros de altura, com potência na faixa dos terawatts, emitindo radiação pulsada com frequência na faixa dos kHz.
O objetivo é ambicioso, mas simples: Demonstrar que os lasers podem controlar e desviar com segurança os raios.
O sistema de laser será usado para estimular relâmpagos e guiá-los para a torre de telecomunicações de 123 metros de altura, instalada na mesma montanha. Isso iniciará e guiará os relâmpagos descendentes de nuvens de tempestade, eventualmente mostrando que é possível guiá-los para lugares onde não causarão danos.
O laser irá disparar 1.000 pulsos ultracurtos de laser na atmosfera a cada segundo. Ao fazer isso, ele irá gerar um longo canal ionizado, chamado filamento de laser, em direção às nuvens. O filamento do laser atuará como caminho preferencial para o raio, desviando-o de locais vulneráveis.
Os testes já começaram e deverão durar até o fim do verão no hemisfério norte.