Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/03/2010
Um novo estudo financiado pela NASA concluiu que a Floresta Amazônica praticamente não foi afetada pela seca de 2005, a maior em um século.
"[A Floresta Amazônica] não sofreu prejuízo ou benefício, contrariamente ao relatório e alegações feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)," dizem os cientistas em nota divulgada nesta quinta-feira (11/03).
Intensidade do verde da floresta
"Nós não encontramos grandes diferenças na intensidade do verde da floresta entre os anos de seca e de não-seca, o que sugere que essas florestas podem ser mais tolerantes à seca do que se pensava anteriormente," disse Arindam Samanta, da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, e autor principal do estudo.
O estudo abrangente, publicado na última edição da revista científica Geophysical Research Letters, usou os dados mais recentes do satélite MODIS, da NASA, para medir a intensidade do verde da Floresta Amazônica ao longo da última década.
O satélite MODIS foi o mesmo que ajudou a descobrir que uma pequena região do deserto do Saara é o maior fornecedor de adubo para a Floresta Amazônica.
Reação às mudanças climáticas
Um estudo publicado na revista Science, em 2007, defendia que a Floresta Amazônica de fato se beneficiaria da seca devido à maior incidência da luz do Sol que penetra durante os períodos sem nuvens. O novo estudo descobriu que os resultados então apresentados eram falhos e não reproduzíveis.
"Este novo estudo traz alguma clareza para a nossa compreensão de como estas florestas, com sua rica fonte de biodiversidade, reagirão no futuro, em face da dupla pressão da exploração florestal e das mudanças climáticas," disse o professor Ranga Myneni, coordenador da pesquisa.
Críticas ao IPCC
O IPCC está sob severas críticas por imprecisões em seus dados, incluindo uma afirmação - baseada em um estudo sem bases científicas feito pela organização World Wildlife Fund - de que até 40% da Floresta Amazônica poderia reagir de forma drástica e ser substituída por savanas até mesmo por uma ligeira diminuição nas chuvas.
"Nossos resultados certamente não indicam essa extrema sensibilidade a reduções nas chuvas," completa Sangram Ganguly, de um instituto de pesquisas ambientais ligado ao Centro de Pesquisas Ames, da NASA.
Em reação às críticas, a ONU anunciou há poucos dias uma revisão das normas de revisão científica do IPCC, que deverá estar concluída até Agosto.
Opinião brasileira
"A forma que o relatório do WWF calculou esses 40% está totalmente errada, enquanto [os novos] cálculos são, de longe, mais confiáveis e corretos", afirma o Dr. José Marengo, pesquisador brasileiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro do IPCC. Marengo não participou do estudo que agora está sendo publicado.
Em entrevista recente, Carlos Nobre, também pertencente tanto ao Inpe quanto ao IPCC, defendeu que o órgão ambiental da ONU deve adotar um sistema de errata contínua, como o utilizado pelos jornais e revistas, em que os erros encontrados são apresentados e corrigidos imediatamente, sem precisar esperar até a elaboração de um novo relatório.