Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/07/2018
Atualização16/07/2021 18:40
Outra equipe contestou as conclusões apresentadas pelos pesquisadores e relatadas nesta reportagem - veja Cientistas contestam existência de lago subterrâneo em Marte.
O artigo abaixo foi deixado como publicado originalmente.
Lago subterrâneo em Marte
Prosseguindo com a busca incansável por sinais de água em Marte, cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) agora obtiveram um dos sinais mais interessantes das hipotéticas águas marcianas em décadas.
Para isso, Roberto Orosei e seus colegas usaram um radar a bordo da sonda espacial Mars Express, da ESA, que orbita Marte há mais de 15 anos. O instrumento é o MARSIS (Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionosphere Sounding, ou radar avançado de Marte para sondagem de supersuperfície e da ionosfera, em tradução livre).
O MARSIS envia pulsos de radar que penetram a superfície e as calotas de gelo nos polos do planeta, depois mede como as ondas de rádio se propagam e refletem de volta para a espaçonave. Os reflexos subsuperficiais, especificamente, fornecem informações sobre o que está abaixo da superfície.
Lago subglacial
Entre maio de 2012 e dezembro de 2015, Orosei e seus colegas usaram o rodar para pesquisar uma região chamada Planum Australe, localizada no Polo Sul de Marte.
Eles obtiveram 29 conjuntos de amostragens de radar, mapeando uma área que apresenta uma mudança muito acentuada nos sinais refletidos. A área está cerca de 1,5 km abaixo da superfície do gelo e estende-se lateralmente por cerca de 20 quilômetros.
O perfil de radar dessa área é semelhante ao dos lagos de água líquida encontrados sob os lençóis de gelo da Antártida e da Groenlândia na Terra, sugerindo que há um lago subglacial nesse local em Marte.
O problema do frio
Embora se espere que a temperatura esteja bem abaixo do ponto de congelamento da água pura mesma nessa profundidade, a equipe salienta que sais dissolvidos de magnésio, cálcio e sódio - que se sabe estarem presentes em rochas marcianas - podem ser dissolvidos na água para formar uma salmoura.
Juntamente com a pressão da camada de gelo superficial, isso reduziria o ponto de fusão, abrindo uma possibilidade real de que o lago permaneça líquido, como acontece na Terra.
A possibilidade de lençóis freáticos marcianos é interessante porque no subsolo pode não se aplicar o chamado Paradoxo de Marte, que contrapõe os sinais superficiais aparentemente feitos por água com o fato de que o planeta nunca parece ter tido temperatura alta o suficiente para ter água líquida.
Recentemente, outra equipe defendeu que os canais de Marte podem ser cicatrizes de impacto, e não sinais de água.