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Mapa da matéria no Universo mostra rachaduras na teoria cosmológica padrão

Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/02/2023

Mapa da matéria no Universo mostra rachaduras na teoria cosmológica padrão
A matéria está mais distribuída - menos aglomerada - do que as teorias indicavam.
[Imagem: Dark Energy Survey]

Mapeamento da matéria no Universo

Uma equipe internacional de astrônomos liberou a versão mais precisa feita até hoje do mapeamento da matéria em todo o Universo, mostrando como ela se distribui pelo cosmos.

Entre vários resultados importantes, sobretudo no tocante à confiabilidade dos dados, o novo mapa indica que a matéria não é tão "aglomerada" quanto os cientistas calculavam com base em nosso melhor modelo do Universo, o que aumenta o corpo de evidências de que pode haver algo faltando na imagem que nossas teorias nos passam sobre como é o nosso mundo.

Os dados vieram do Dark Energy Survey, um mapeamento do Universo em grande escala em busca de explicações para a energia escura, e do Telescópio Pólo Sul, devotado a pesquisas sobre evolução do Universo desde o Big Bang, procurando os traços fracos de radiação que ainda viajam pelo céu desde os primeiros momentos.

Quando o Universo começou, a matéria foi lançada para fora e gradualmente formou os planetas, estrelas e galáxias que vemos hoje. Ao montar cuidadosamente um mapa dessa matéria hoje, os cientistas tentam recriar o que aconteceu e quais forças teriam que estar em ação para que chegássemos à situação atual.

Mapa da matéria no Universo mostra rachaduras na teoria cosmológica padrão
Sobrepondo os mapas do céu dos telescópios DES (à esquerda) e Pólo Sul (à direita), a equipe conseguiu montar um mapa de como a matéria é distribuída – crucial para entender as forças que moldam o Universo.
[Imagem: Yuuki Omori]

Técnicas cruzadas

A combinação dos dados de dois telescópios muito diferentes - na verdade dois métodos diferentes de olhar para o céu - reduz a chance de que os resultados devam-se a um erro em uma das formas de medição. "Funciona como uma verificação cruzada, tornando-se uma medição muito mais robusta do que se você usasse apenas um ou outro," disse o astrofísico Chihway Chang, da Universidade de Chicago, nos EUA.

Em ambos os casos, o interesse se voltou para um fenômeno chamado lente gravitacional: À medida que a luz viaja pelo Universo, ela pode ser levemente curvada ao passar por objetos com muita gravidade, como galáxias. Este método captura tanto a matéria regular quanto os efeitos gravitacionais hoje atribuídos à matéria escura, a forma misteriosa da matéria que só detectamos devido aos seus efeitos na matéria regular.

A maioria dos resultados mais precisos e mais confiáveis anunciados agora se encaixa bem com a teoria e com o modelo do Universo atualmente aceitos pelos cientistas.

Mas também há coisas que não batem, mostrando indícios de que nossas teorias e modelos precisam ser ajustados - algo já indicado no passado por outras análises.

Mapa da matéria no Universo mostra rachaduras na teoria cosmológica padrão
O Telescópio Pólo Sul procura pelas luzes mais antigas do Universo.
[Imagem: Bradford Benson]

Universo menos aglomerado

"Parece que há um pouco menos de flutuações no Universo atual do que poderíamos prever assumindo nosso modelo cosmológico padrão ancorado no Universo primitivo," disse o professor Eric Baxter, da Universidade do Havaí.

Em outras palavras, se você fizer uma simulação que incorpore todas as leis físicas atualmente aceitas, faça as leituras desde o início do Universo e extrapole-as no tempo, os resultados parecerão um pouco diferentes do que realmente medimos ao nosso redor hoje.

Especificamente, as leituras de hoje indicam que o Universo é menos "aglomerado" - agrupando-se em certas áreas, em vez de uniformemente distribuído - do que as teorias preveem. Como levantamentos anteriores, ainda que menos precisos, indicavam a mesma coisa, os indícios agora são fortes de que não podemos nos contentar com nossas teorias atuais.

Bibliografia:

Artigo: Joint analysis of Dark Energy Survey Year 3 data and CMB lensing from SPT and Planck. I. Construction of CMB lensing maps and modeling choices
Autores: Y. Omori et al. (DES/SPT Collaborations)
Revista: Physical Review D
Vol.: 107, 023529
DOI: 10.1103/PhysRevD.107.023529
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