Com informações da Cordis - 13/07/2015
Ideação
Pesquisadores do projeto europey WHIM acreditam ter alcançado um grande avanço no campo da criatividade computacional.
Eles desenvolveram um programa de computador que não apenas gera enredos totalmente ficcionais, mas também julga a sua utilidade e o potencial apelo de cada ficção junto aos humanos.
WHIM é um acrônimo para What-if Machine, algo como "máquina do O que acontece Se".
"O WHIM é um antídoto para a inteligência artificial convencional, que é obcecada com a realidade. Estamos entre os primeiros a aplicar a inteligência artificial à ficção," explica Simon Colton, coordenador do projeto e professor da Universidade de Londres.
A "Máquina-O Que-Se" também é o nome da primeira "ideação" ficcional computadorizada - ideação é o processo criativo de gerar, desenvolver e comunicar novas ideias.
Inteligência artificial aplicada à ficção
O software gera mini-narrativas ou histórias de ficção utilizando técnicas de processamento de linguagem natural e um banco de dados de fatos extraídos da web, que funciona como um repositório de fatos "verdadeiros". O software então inverte ou torce os fatos para criar questões do tipo "O que acontece se".
O resultado é muitas vezes maluco, como "E se houvesse uma mulher que acordasse em um beco como um gato, mas ainda pudesse andar de bicicleta?" Mas muitas vezes funciona, criando coisas que fazem sentido. Como as ideias geradas são, em última instância, destinadas ao consumo humano, esses resultados são avaliados por voluntários.
"Pode-se argumentar que a ficção é subjetiva, mas há padrões," diz o professor Colton. "Se 99% das pessoas acham que um comediante é engraçado, então poderíamos dizer que o comediante é engraçado, pelo menos na percepção da maioria das pessoas."
Os pesquisadores também estão tentando ensinar os computadores a produzir ideias metafóricas e ironias, invertendo e cruzando estereótipos coletados na web.
Criatividade computacional
Embora muitas das ideias de ficção geradas pareçam lunáticas, o projeto é baseado em ciência sólida. O esforço é parte do emergente campo da "criatividade computacional", um empreendimento interdisciplinar localizado no cruzamento da inteligência artificial, psicologia cognitiva, filosofia e artes.
Os programas criados pelo projeto poderão ter aplicações em vários domínios. Em uma iniciativa, há planos para transformar as narrativas ficcionais em jogos de vídeo. Outra iniciativa envolve o projeto computacional de uma produção teatral, incluindo o enredo, o cenário e a música. Todo o processo está sendo filmado para um documentário.
A criatividade computacional também poderia ser usada pelos moderadores em conferências científicas para fazer perguntas aos entrevistados, a fim de explorar diferentes hipóteses ou cenários, ou ajudar em processos de "tempestade cerebral" (brainstorming).
O projeto WHIM, que continuará até 2016, conta com pesquisadores de cinco universidades e financiamento da União Europeia de €1,7 milhão (cerca de R$ 6 milhões).