Com informações da BBC - 23/09/2013
Reunido em Estocolmo, na Suécia, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgará na sexta-feira um relatório crucial, mas permeado de polêmicas, sobre o aquecimento global.
Por um lado, há um relativo consenso sobre o impacto da atividade humana no aumento das temperaturas.
Segundo o painel, há hoje 95% de certeza de que "a influência humana no clima é responsável por mais da metade dos aumentos médios de temperatura observados entre 1951 e 2010".
No entanto, a polêmica se intensifica quando a discussão gira em torno da desaceleração do aquecimento, que vem ocorrendo desde 1998, com muitos demandando mais explicações sobre o fenômeno.
Desde 2007, há um crescente foco no fato de que as temperaturas médias globais não terem subido acima do recorde histórico, em 1998.
Hiato do aquecimento global
No rascunho, o painel concorda que "a taxa de aquecimento nos últimos 15 anos é mais baixa do que as tendências anteriores."
Essa desaceleração, ou hiato, como o IPCC classifica a reversão na tendência, tem sido usada como argumento para dizer que está errada a "crença científica" de que a emissão de gás carbônico na atmosfera aumenta a temperatura do planeta.
Para alguns, essa conclusão sobre o impacto negativo das emissões de gás carbônico é exagerada.
No entanto, a polêmica se dá porque a maioria dos cientistas concorda que o aquecimento tem-se mantido linear nesse período, mas justamente porque a maior parte do calor teria ido para o oceano.
Sendo assim, a superfície terrestre estaria, sim, enfrentando uma pausa no aquecimento, mas porque a energia presa pelos gases do efeito estufa estaria ficando submersa debaixo da superfície do oceano, "transferindo" o aumento de temperaturas.
Mas as tensões se agravam porque os cientistas estão longe de um consenso sobre os mecanismos envolvidos nesse processo - por que o calor teria começado a ir para o oceano.
Cautela
Pesquisadores de todo mundo estão trabalhando para analisar estudos e produzir um documento que represente o estado atual do aquecimento global.
Na sexta-feira, será divulgada a primeira parte desse amplo relatório, que focará a ciência por trás das mudanças de temperatura na atmosfera, nos oceanos e nos pólos.
Novas estimativas serão fornecidas sobre a escala do aquecimento global e seu impacto nos níveis do mar e nas camadas de gelo.
Diante disso, há uma sensação de que esse relatório vai ser ainda mais complicado e cauteloso que o de 2007.