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Nanotecnologia

Grafeno se renova com artes japonesas do origami e kagome

Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/02/2021

Grafeno se renova com artes japonesas do origami e kagome
As dobraduras do grafeno criam transistores sem a necessidade de adição de outros elementos químicos, como ocorre na dopagem do silício.
[Imagem: Sussex University]

Origami de grafeno

Físicos e engenheiros da Universidade de Sussex, no Reino Unido, afirmam ter criado os menores e mais rápidos microchips já feitos usando grafeno.

Os circuitos ainda são os simples possíveis, mas a técnica pode permitir a conexão dos transistores de grafeno com os componentes eletrônicos tradicionais, o que é uma das dificuldades em transpor o grafeno dos laboratórios para a indústria.

O avanço consistiu em usar no grafeno a técnica japonesa de dobraduras, criando "nano-origamis" que se comportam como transistores - só que transistores cerca de 100 vezes menores do que os transistores de silício.

"Estamos criando dobras mecanicamente em uma camada de grafeno. É um pouco como um nano-origami. Usar esses nanomateriais tornará nossos chips de computador menores e mais rápidos. É absolutamente crítico que isso aconteça, já que os fabricantes de computadores estão agora no limite do que podem fazer com a tecnologia de semicondutores tradicional. Em última análise, isso tornará nossos computadores e telefones milhares de vezes mais rápidos no futuro," disse o professor Alan Dalton

A manipulação mecânica dos materiais é uma técnica já usada com o silício. De fato, o silício expandido - ou tensionado (strained) - tornou-se a grande estrela da indústria semicondutora nos últimos 20 anos, devido aos ganhos de eficiência e redução no consumo de energia. A técnica do tensionamento também já foi aplicada ao diamante.

"Este tipo de tecnologia - 'tensotrônica' usando nanomateriais, em vez de eletrônica - permite espaço para mais chips dentro de qualquer dispositivo. Tudo o que queremos fazer com os computadores - para acelerá-los - pode ser feito amassando o grafeno como isto que fizemos," disse o pesquisador Manoj Tripathi.

Grafeno se renova com artes japonesas do origami e kagome
O grafeno kagome deverá ser um semicondutor, embora não se saiba ainda como sintetizá-lo.
[Imagem: R. Pawlak/Universidade da Basileia]

Grafeno kagome

Já o trabalho de Rémy Pawlak e colegas do Instituto de Nanociências da Suíça, está ainda no nível teórico.

Pawlak descobriu que é possível sintetizar o grafeno em uma estrutura diferente dos tradicionais favos de mel com átomos de carbono nos cantos.

A estrutura é muito mais complexa, comparada pelos pesquisadores à arte japonesa chamada kagome, uma antiga arte de tecelagem, muito usada para fazer cestas.

No grafeno kagome, que na verdade é um híbrido de átomos de carbono e nitrogênio, os átomos se organizam em um padrão regular de hexágonos e triângulos, mas que se estruturam para formar uma estrutura favo de mel em maior escala, imitando o grafeno tradicional.

Os cálculos teóricos preveem que o grafeno kagome deverá ter propriedades completamente diferentes do grafeno: Ele deve ser um semicondutor.

Em outras palavras, as propriedades de condução elétrica do material poderão ser ligadas ou desligadas, como acontece com o silício dos transistores. Desta forma, o grafeno kagome difere significativamente do grafeno, cuja condutividade não pode ser ligada e desligada tão facilmente, o que dificulta seu uso na fabricação de componentes eletrônicos.

Bibliografia:

Artigo: Structural Defects Modulate Electronic and Nanomechanical Properties of 2D Materials
Autores: Manoj Tripathi, Frank Lee, Antonios Michail, Dimitris Anestopoulos, James G. McHugh, Sean P. Ogilvie, Matthew J. Large, Aline Amorim Graf, Peter J. Lynch, John Parthenios, Konstantinos Papagelis, Soumyabrata Roy, M. A. S. R. Saadi, Muhammad M. Rahman, Nicola Maria Pugno, Alice A. K. King, Pulickel M. Ajayan, Alan B. Dalton
Revista: ACS Nano
DOI: 10.1021/acsnano.0c06701

Artigo: On-Surface Synthesis of Nitrogen-Doped Kagome Graphene
Autores: Rémy Pawlak, Xunshan Liu, Silviya Ninova, Philipp D'astolfo, Carl Drechsel, Jung-Ching Liu, Robert Häner, Silvio Decurtins, Ulrich Aschauer, Shi-Xia Liu, Ernst Meyer
Revista: Angewandte Chemie International Edition
DOI: 10.1002/anie.202016469
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