Com informações da Agência Fapesp - 02/07/2018
Empreendedorismo estudantil
O empreendedorismo praticado por universitários ou recém-formados tem destaque em países como Canadá, Austrália, Índia e Brasil.
Nessas nações, a proporção de estudantes que fundam empresas de base tecnológica, as startups, é superior a 10% do total de empreendedores - uma taxa superior a de países como Estados Unidos, Israel, Reino Unido e França.
Estas são algumas da conclusões de um relatório elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A OCDE avaliou o perfil de startups registradas na base de dados Crunchbase, que reúne informações de aproximadamente 447 mil empresas inovadoras em 199 países.
No caso do Brasil, contabilizaram-se apenas 290 startups, mas 12% delas foram fundadas por estudantes de graduação ou recém-formados. Embora apresentem uma taxa de mortalidade expressiva, essas empresas servem como um termômetro da importância da inovação entre os jovens e chamam a atenção de grandes companhias interessadas em novos modelos de negócio.
Graduação empresarial
Os segmentos de jogos eletrônicos (software), transporte, educação e comércio on-line são os principais focos do empreendedorismo estudantil. Não por coincidência, são áreas cujas inovações estão geralmente atreladas a softwares e aplicativos, e não exigem grande aporte de investimento para dar início às atividades.
Já em setores como biotecnologia, saúde, energia e alimentos, as startups geralmente são criadas por profissionais mais experientes, que fazem ou concluíram a pós-graduação.
"Os jovens costumam ser mais tolerantes ao risco e isso faz com que possíveis fracassos os motivem a seguir adiante. Somado a isso, o cenário de crise econômica torna o empreendedorismo uma opção atraente e uma promessa de independência financeira," avaliou Rafael Ribeiro, diretor da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
De acordo com o documento da OCDE, o empreendedorismo estudantil também desperta interesse graças ao sucesso de empresas que se tornaram líderes mundiais, como o Facebook, a Microsoft e a Apple. Embora consideradas casos excepcionais, elas foram iniciadas quando seus fundadores - Mark Zuckerberg, Bill Gates e Steve Jobs, respectivamente - ainda estavam na graduação, que não foi concluída por nenhum deles.
Uma tendência que ganhou impulso é o surgimento de programas criados por empresas como Microsoft, Google, Telefônica e Bradesco para acelerar o desenvolvimento de tecnologias em startups. "Grandes companhias têm interesse em conhecer e absorver novos modelos de negócio criados em empresas nascentes. Muitas delas, como Uber, Airbnb e Nubank, para citar uma brasileira, cresceram rapidamente a ponto de ameaçar mercados tradicionais", explica Jaércio Barbosa, do Sebrae-SP.
A disponibilidade de incubadoras de empresas em universidades também tem um papel importante. "Os estudantes encontram nesses ambientes apoio institucional e orientação para aplicar conhecimento na forma de consultorias de tecnologia, administração e formatação comercial", explica Guilherme Ary Plonski, coordenador científico do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da USP.