Com informações da Agência Fapesp - 31/08/2017
Mapa da matéria escura
A matéria conhecida (chamada de "bariônica" pelos físicos) corresponde a apenas 5% do conteúdo do Universo, segundo os atuais modelos da cosmologia.
Outros 25% seriam constituídos pela desconhecida matéria escura, e 70%, pela ainda mais enigmática energia escura.
Estas porcentagens (aqui expressas em valores arredondados), que haviam sido estabelecidas por estudos anteriores, foram confirmadas agora, com notável convergência numérica, pelo Dark Energy Survey (DES).
Conduzido por uma colaboração internacional, o DES é um mapeamento do Universo em grande escala, que deverá rastrear uma área equivalente a um oitavo do céu (5 mil graus quadrados) e levantar dados sobre mais de 300 milhões de galáxias, 100 mil aglomerados de galáxias e 2 mil estrelas supernovas, além de milhões de estrelas da Via Láctea e objetos do Sistema Solar.
Com a atividade iniciada em 2013 e prevista para prosseguir até 2018, a colaboração acaba de divulgar os dados sistematizados de seu primeiro ano de trabalho. Esses dados possibilitaram a elaboração de um mapa com 26 milhões de galáxias, cobrindo cerca de 1/30 do céu e apresentando a distribuição heterogênea da hipotética matéria escura em uma faixa de bilhões de anos-luz de extensão.
Hipóteses, teorias, modelos, interpretações
Um dos destaques no novo mapa da Universo é que os dados sistematizados do primeiro ano de coleta de dados do DES são consistentes com a interpretação mais simples acerca da natureza da energia escura.
Segundo essa interpretação, esse misterioso ingrediente, que faz com que a expansão do Universo esteja sendo acelerada, em vez de retardada pela atração gravitacional recíproca das galáxias, seria a energia do vácuo e corresponderia à constante cosmológica, inicialmente proposta e depois abandonada por Einstein, mas hoje largamente aceita pelos físicos. De acordo com esse modelo, a quantidade total da energia escura aumentaria em decorrência da própria expansão do Universo, mas sua densidade se manteria constante no espaço e no tempo.
A questão da natureza da energia escura, porém, permanece aberta. E não pode ser descartada a possibilidade de que dados já colhidos, mas ainda em fase de sistematização, ou que venham a ser obtidos até o final do levantamento, desfavoreçam essa interpretação em benefício de outras.
Vale lembrar que, até agora, todos os milionários projetos para detectar a matéria escura falharam, e uma teoria após a outra vem sendo deixada de lado.