Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/12/2021
Neurônio artificial spintrônico
Engenheiros do Japão e da Alemanha conseguiram juntar dois componentes que nos deixam mais próximos de alcançar a computação neuromórfica, quando os computadores funcionarão de forma mais parecida com um cérebro.
Um dos componentes já é a estrela da neurocomputação, o memoristor, um componente já considerado "cognitivo" porque ele consegue se lembrar dos dados que guardou antes.
O outro componente é o bem mais conhecido oscilador, capaz de produzir um sinal repetitivo e de realizar diferentes tipos de cálculos ao interagir com outros osciladores em uma rede ou em uma cadeia. O detalhe é que o componente com que a equipe trabalhou é um oscilador spintrônico, o que significa que ele funciona com base no momento magnético dos elétrons.
O que Mohammad Zahedinejad e seus colegas fizeram foi integrar os dois componentes, criando osciladores controlados por memoristores, ou, mais tecnicamente, neurônios artificiais spintrônicos memorresistivos.
Em termos funcionais, isto significa que o novo componente combina o armazenamento local não-volátil do memoristor com o cálculo da frequência de micro-ondas das redes de nano-osciladores, o que lhe permite imitar de forma muito fiel as redes neurais oscilatórias não-lineares do cérebro humano.
"Até agora, neurônios artificiais e sinapses foram desenvolvidos separadamente em muitos campos; este trabalho é um marco importante: Dois elementos funcionais foram combinados em um," destacou o professor Shunsuke Fukami, da Universidade Tohoku, no Japão.
"Usando as matrizes de osciladores spintrônicos controlados por memoristor, poderemos controlar as interações sinápticas entre neurônios adjacentes e programá-los em estados mutuamente diferentes e parcialmente sincronizados," detalhou Zahedinejad, da Universidade de Gotemburgo.
Neurocomputação
Para colocar o novo componente para funcionar, os pesquisadores construíram um dispositivo de teste composto por apenas um de cada um dos elementos: Um oscilador, ou seja, o neurônio, e um memoristor, ou seja, a sinapse.
A resistência elétrica do memoristor mudava com a "inércia" (histerese) da tensão aplicada ao eletrodo superior. No estado de baixa resistência, a corrente flui normalmente; no estado de alta resistência, o componente é sujeito a um campo elétrico. Os efeitos do campo elétrico e da corrente no oscilador diferem entre si, oferecendo vários controles de oscilação e propriedades de sincronização.
Essa versatilidade poderá ser aplicada a várias tecnologias emergentes, uma vez que o campo da neurocomputação ainda está por ser bem delineado.
"Estamos particularmente interessados em esquemas de computação emergentes, inspirados pela [computação] quântica, como as Máquinas de Ising," disse o professor Johan Akerman, referindo-se a um tipo de processador spintrônico que começou a ser demonstrado nos últimos anos.