Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/05/2008
Câmera fotográfica quântica
Quando você olha para aquelas imagens da Terra fornecidas pela NASA, em que é possível ver claramente todos os continentes e até as cidades iluminadas à noite, você não está olhando para uma única foto, mas para um mosaico de centenas de milhares de fotos, montadas por precisos programas computador.
Afinal, na maior parte do tempo, a maior parte do globo está coberta por nuvens. E as câmeras dos satélites não conseguem "ver" através das nuvens. Ou pelo menos não conseguiam.
Cientistas acabam de demonstrar o funcionamento de uma câmera fotográfica quântica, que poderá ser utilizada para fazer fotos de objetos não visíveis diretamente. Quando totalmente desenvolvida, ela poderá ser utilizada em satélites artificiais para fotografar a superfície da Terra mesmo quando estiver coberta por nuvens.
Depois de décadas publicando artigos científicos com toda a fundamentação teórica, os pesquisadores agora conseguiram produzir um protótipo da máquina fotográfica quântica, demonstrando que ela é capaz de capturar as chamadas "imagens fantasmas", um processo também conhecido como fotografia quântica.
Estado emaranhado de dois fótons
Uma câmera digital normal forma a imagem em seu sensor CCD capturando os fótons que se refletem no objeto fotografado e atingem sua lente. A câmera quântica, ao contrário, registra os fótons que não atingem o objeto, mas que estão vinculados àqueles que atingem por meio de um efeito quântico chamado entrelaçamento, ou estado emaranhado de dois fótons.
A imagem coletada, vista acima, é de um soldadinho de brinquedo. A fonte de luz que ilumina o brinquedo foi dividida em dois feixes, um apontando para o brinquedo e o outro para a câmera digital. Próximo ao soldadinho foi colocado um contador de fótons, capaz de detectar apenas os fótons que se refletiam nele.
Algumas vezes, aleatoriamente, a fonte de luz dá origem a fótons extremamente similares em termos quânticos. E pode acontecer que esses fótons sejam separados pelo aparato que divide a luz em dois feixes, indo um deles para o objeto e o outro para a câmera.
O efeito quântico do emaranhamento desses dois fótons garante que haverá uma relação direta entre o ponto onde um deles atingirá o objeto e o ponto onde o outro atingirá o sensor da câmera, permitindo a reconstrução da imagem.
O que a câmera quântica faz é utilizar apenas esses fótons para formar a imagem, descartando os demais. Isso é feito comparando cada fóton detectado pelo sensor da câmera e verificando se ele - na verdade, seu "irmão gêmeo" - também sensibilizou o contador de fótons.