Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/07/2011
O que os olhos não vêm é transparente
Relógios e porta-retratos digitais semi-transparentes e telefones celulares com teclados translúcidos já são uma realidade, graças sobretudo à eletrônica orgânica.
Mas quem sonha com um gadget totalmente transparente estava esperando que alguém inventasse uma bateria transparente.
A rigor, não existe ainda tecnologia capaz de permitir a construção de uma bateria totalmente transparente.
Mas o Dr. Yi Cui e seus colegas da Universidade de Stanford deram um jeitinho: eles usaram o máximo de materiais transparentes que é possível e miniaturizaram o que ainda é opaco o suficiente para enganar os olhos humanos.
"Se alguma coisa é menor do que 50 micrômetros, seus olhos a verão como algo transparente," diz Yuan Yang, que foi quem colocou a mão na massa para construir a bateria.
O olho de uma pessoa "normal" tem uma resolução suficiente para enxergar objetos entre 50 e 100 micrômetros.
Malha de eletrodos
Em vez dos eletrodos tradicionais, que são opacos, Yang e Cui construíram um eletrodo com uma malha na qual cada fio tem aproximadamente 35 micrômetros de largura.
A luz consegue passar através dos buracos da malha. E, como o olho humano não consegue ver os próprios fios, toda a bateria parece ser transparente.
A estrutura da bateria usa um polímero transparente, o polidimetilsiloxano, usado na fabricação de lentes de contato e de circuitos eletrônicos flexíveis.
Bateria transparente
Primeiro os cientistas criaram as trilhas de 35 micrômetros em uma folha do polímero transparente, sobre o qual é depositado um filme metálico por evaporação, criando uma camada condutora.
Essa camada condutora é fina o suficiente para não se tornar opaca.
A seguir, uma solução contendo nanopartículas do material que armazena energia - à base de lítio - é depositada para preencher as trilhas, formando a malha.
Faltava ainda o separador entre os eletrodos. Os pesquisadores substituíram os separados tradicionais, que não são transparentes, por um eletrólito em gel que funciona tanto como eletrólito quanto como separador.
Colocando-se com precisão uma camada de eletrólito entre duas camadas com os eletrodos cria-se uma bateria, que pode ainda ser construída em várias camadas, para aumentar a capacidade de carga.
A precisão na montagem é crucial, uma vez que as trilhas de 35 micrômetros das diversas camadas devem se sobrepor perfeitamente, sob pena de perder-se a "pseudo-transparência" - com três camadas, os pesquisadores conseguiram uma transparência de 60%.
Densidade de energia
A transparência também tem seu custo: a bateria tem apenas metade da densidade de carga de uma bateria de lítio convencional, ficando próximo às baterias de níquel-cádmio.
Como há um potencial real de comercialização, os pesquisadores patentearam o projeto da bateria transparente e, agora, vão trabalhar na melhoria de sua densidade de energia.