Com informações da Cordis - 18/06/2014
Ultramagnetron
A proliferação dos computadores e seus correlatos geradores de bytes - celulares, câmeras digitais, internet das coisas e etc. - está criando mais dados do que se consegue analisar, e até mesmo armazenar.
É um desafio que já está começando a exceder as capacidades da tecnologia atual, uma vez que o uso de campos magnéticos para armazenar e recuperar dados em suportes como discos rígidos está se aproximando dos seus limites.
As boas notícias vieram com o anúncio dos resultados do projeto Ultramagnetron, financiado pela União Europeia, que reuniu pesquisadores de várias instituições e empresas para buscar formas de melhorar radicalmente a velocidade de manipulação dos dados.
O foco da equipe foi o desenvolvimento de formas de controlar o armazenamento magnético usando luz, em vez de campos magnéticos, como se faz hoje.
Como os pulsos de laser se tornaram um dos eventos mais curtos controlados pelo homem - o que significa velocidades na faixa dos terahertz (THz), ou trilhões de ciclos por segundo - o uso desta tecnologia foi vista como a via natural a ser explorada.
Ler é mais difícil que escrever
O aspecto chave que determina o desempenho dos discos rígidos e outros meios de armazenamento magnético não é a gravação dos dados, mas sua leitura - a velocidade de acesso e recuperação dos dados -, que é feita através de um processo conhecido como "reversão da magnetização".
A equipe do projeto Ultramagnetron conseguiu acelerar as velocidades dessa inversão magnética dos atuais nanossegundos - milésimos de milionésimo de segundo - para a faixa dos picossegundos - milionésimos de milionésimo de segundo.
Para facilitar a comparação entre esses tempos inimaginavelmente curtos, basta ver o que uma única ordem de magnitude significa na prática: 1 nanossegundo está para 1 segundo assim como 1 segundo está para 31,7 anos; mas 1 picossegundo está para 1 segundo assim como 1 segundo está para 31.700 anos.
Opto-nano-magnetismo
Mas os verdadeiros avanços vieram mesmo quando a equipe mesclou o laser e essa inversão de magnetização super-rápida - eles chamam a área de "opto-nano-magnetismo".
Inicialmente eles descobriram uma técnica para realizar a reversão da magnetização a velocidades abaixo dos 100 picossegundos, utilizando componentes medindo menos de 200 nanômetros.
A seguir, a equipe usou o controle a laser do nanomagnetismo, efetuando a reversão da magnetização abaixo de 1 picossegundo.
"Esta foi uma abordagem verdadeiramente nova desenvolvida pela equipe que nem mesmo poderia ter sido prevista antes do início do projeto," disse o professor Theo Rasing, da Universidade Radboud, na Holanda, coordenador do projeto Ultramagnetron.
Os avanços já estão sendo registrados em patentes. Enquanto isso, a equipe está trabalhando no primeiro protótipo de demonstração da tecnologia opto-nano-magnética.
Optomagnetismo
Tentativas de desenvolver tecnologias optomagnéticas - uma espécie de híbridos de discos ópticos e discos rígidos - estão sendo realizadas por várias equipes, com várias abordagens diferentes.
Enquanto o próprio professor Rasing está envolvido em outro trabalho que conseguiu gravar dados magneticamente usando luz, uma equipe norte-americana obteve uma conversão optomagnética que permite usar a luz para ler dados gravados em filmes orgânicos, os circuitos eletrônicos de plástico.
Com resultados práticos previstos mais para o futuro, a descoberta do elo que faltava entre o "eletro" e o "magnetismo" promete acelerar o desenvolvimento de componentes magnônicos, que armazenam e processam dados na mesma estrutura.